APÓS OS 40

Maternidade tardia: o amor de uma mãe não tem idade

Algumas mulheres optam por adiar a maternidade em busca de estabilidade financeira e profissional, enquanto outras podem ter encontrado o parceiro ideal mais tarde na vida

Por Rafaela Silva Ferreira | 10/03/2024 | Tempo de leitura: 3 min

ARQUIVO PESSOAL

Débora, que já é mãe de 4 filhos, após os 40, engravidou novamente
Débora, que já é mãe de 4 filhos, após os 40, engravidou novamente

Para muitas mulheres, a decisão de engravidar após os 40 anos é motivada por diversos fatores. Algumas optam por adiar a maternidade em busca de estabilidade financeira e profissional, enquanto outras podem ter encontrado o parceiro ideal mais tarde na vida. Além disso, mudanças nas expectativas sociais e na concepção de família têm motivado essa escolha.

Débora Paula Wenceslau Martins, 41 anos, é confeiteira e trabalha como motorista particular exclusivamente para mulheres, o que lhe permite levar seu bebê junto durante o trabalho. Ela é mãe de outros quatro filhos e sempre afirmou que teria outra criança quando os mais velhos já estivessem independentes.

"Hoje consigo aproveitar cada momento, acompanhar o desenvolvimento dele de perto. Com os outros foi mais difícil, porque era sempre duas, três crianças para cuidar, trabalhar fora, então perdi muita coisa", conta.

A decisão de engravidar após os 40 anos trouxe alguns desafios para Débora. Ela estava acima do peso e desenvolveu diabetes gestacional, o que exigiu uma dieta alimentar rigorosa. "Tive que fazer dieta e seguir à risca. No entanto, tanto ele como eu ficamos muito bem após a gravidez", relata.

Débora também enfatiza que ser mãe sempre foi seu maior sonho, e ter um filho após "a idade convencional", está sendo maravilhoso. "Percebo que tenho mais paciência e tempo para ele", diz.

Já a gerente de loja Sandra Cristina Franco Bispo, 44 anos, conta que começou a se planejar para ser mãe, há 10 anos. "Mas não deu certo. Meu marido e eu ficamos quase 7 anos tentando uma gravidez, mas não conseguíamos, mesmo os exames mostrando estar tudo bem. Então partimos para fertilização in vitro e depois descobri que tenho uma má formação uterina."

Antes de engravidar, Sandra também optou por doação de óvulos, onde recebeu as gametas de outra mulher. "Acredito que tudo aconteceu no momento certo. Comecei a desconfiar que estava grávida, justamente na época em que estava 'desencanada'. Hoje, aos 44 anos, tenho o Théo, de uma semana e quatro dias e sinto que ele veio no momento certo. As pessoas precisam estar abertas para receber bênçãos."

A gerente teve um acompanhamento médico adequado e um estilo de vida saudável, assim como uma gravidez segura e gratificante. "O que posso dizer hoje para quem quer ser mãe, é sobre não desistir dos seus sonhos, interdependente da forma que você vá realizá-lo. Se você quer ser mãe aos 40, seja. Procure um médico, se certifique de como está sua situação e dependendo da resposta, congele seus óvulos. Assim, o sonho de ser mãe estará sempre vivo."

MEDICINA

A ginecologista Mary Juciane Zamboni Vettore explica que essa decisão, realmente, vem se tornando mais frequente por razões socioeconômico. "As mulheres de hoje em dia optam por estudar, trabalhar e só depois pensam em engravidar. A questão maior ligada a esse tipo de gestação é que, de fato, a fertilidade vai diminuir em determinada idade.

Zamboni pontua que a reserva ovariana diminui, assim com a potência dos óvulos. "Mas evoluímos quando se trata disso e hoje, as mulheres podem congelar os óvulos. Se houver essa decisão com 25 anos, aos 40, a mulher poderá ter acesso a gameta, que estará 'fresquinha'."

No entanto, idade avançada também está associada a um maior risco de complicações durante a gravidez, como hipertensão arterial, diabetes gestacional e parto prematuro. "Estudos também mostram que mulheres mais velhas têm uma maior probabilidade de ter um bebê com síndrome de Down e outras condições genéticas", exemplifica.

No ponto de vista técnico, Mary diz que há médicos que preocupam e aqueles que apoiam. "Nós, profissionais da saúde, precisamos conversar mais. Precisamos atender as mulheres com um olhar mais refinado, porque a saúde materna é uma conjunto que precisa ser desvendado para que essa mulher tenha um planejamento completo e não gastar uma única ficha no final. Então, é ideal começar a ter esse tipo de conversa com as mulheres de 20, 30 anos", finaliza.

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