OPINIÃO

A emancipação do feminino

08/03/2024 | Tempo de leitura: 3 min

Com muita alegria e um pouco de surpresa, recebo a honra de escrever e publicar meu artigo justo no dia internacional da mulher, neste ano de 2024. Isso porque sempre admirei muito o poder do feminino, que é presente em todos os seres vivos, independente de espécie e do gênero.

Esta potencialidade de natureza abrangente e acolhedora, representada pela polaridade yin nas bases filosóficas da medicina chinesa, é muito mais evidente aos olhos físicos nas formas graciosas, belas e delicadas daquelas que neste dia se fazem representar: as mulheres. Nelas, esse poder se faz viçoso e exuberante, pois assim a natureza se expressa.

Expressa e encanta a todos.

Claro que essas manifestações, quase mágicas e que por muito tempo foram até inexplicáveis pela razão e lógica - vide o exemplo da capacidade feminina de gerar a própria vida - fez que uma sociedade focada em poder, conquista e posse, ramos potencialmente descontrolados de uma energia mais ativa e um pouco desmedida, por vezes não visse com bons olhos dons misteriosos do feminino.

Tivemos dessa forma, por séculos, diferentes graus de opressão e submissão das mulheres, que não eram culpadas pelo domínio e expressão da energia feminina que nelas é abundante e natural. São vários os exemplos históricos onde essa repressão atingiu níveis de loucura que desembocaram em tragédias, derramamento de sangue e perdas de vidas, que na data de hoje devem ser lembrados e tratados com respeito e pesar, para que jamais voltem a se repetir.

Contudo, além da devida homenagem ao passado, a data evoca algo que considero mais importante ainda: a continuidade do trabalho de equilíbrio e expansão dessa energia. Ainda que os ganhos tenham sido grandes, especialmente no plano material, onde cada vez mais a mulher tem o seu papel reconhecido e tratado merecidamente como fundamental, nos outros planos energéticos essa expansão tem que ocorrer também.

No plano emocional, por exemplo. séculos de dominação e repressão fizeram a sexualidade feminina, a libido e sua satisfação serem esquecidas, como se esse plano fosse um direito somente masculino. A exemplo do plano material, hoje temos ganhos e podemos abertamente discutir sobre isso, procurar e construir conhecimento bem como procurar ajuda quando surgem dificuldades.

Contudo, a mulher precisa se descobrir para que possa reaprender a caminhar neste mundo com suas características e particularidades femininas e não tentar fazer uma cópia espelhada e invertida das ambições e desejos masculinos.

A fim de descobrir a sexualidade feminina, muito rica, a mulher precisa começar com o primeiro passo: o amor-próprio. Somente vendo em si a beleza, reconhecer o próprio potencial erótico e perceber-se como atraente é que ela se coloca em condições de uma troca equilibrada de energia emocional com parceiros, sem precisar se submeter ou ser "dominante".

Como tudo na vida, o equilíbrio dinâmico entre as partes é o segredo da alquimia que faz nascer os caminhos para as infinitas possibilidades.

Meus parabéns, mais uma vez, às mulheres que caminham e compartilham comigo a vida: minha mãe, minha esposa, primas (tenho várias!) e amigas do coração, sintam-se todas abraçadas e "paparicadas "no dia de hoje!

Alexandre Martin é médico especializado em acupuntura e com formação em medicina chinesa e osteopatia (xan.martin@gmail.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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