OPINIÃO

O seu superpoder esquecido

23/02/2024 | Tempo de leitura: 3 min

Exercício foi algo que sempre me encantou desde que eu era uma criança. A princípio, contudo, eu não sabia exatamente disso, chegando a essa conclusão somente muito depois, quando já era médico formado.

Vou explicar melhor para meus caros leitores (as) desta coluna na esperança de que no processo eu transmita um pouco do meu encanto e que possam, no final de semana que hoje se avizinha, experimentarem por si mesmos um pouco do que eu falo.

No meu pensamento pueril, a possibilidade de modificar-se, moldar o próprio corpo para adaptar-se a alguma tarefa que desejamos era fantástico, simplesmente o máximo. Poder digno de super-herói das histórias em quadrinhos. Lembro-me que, com isso em mente, assistia a competições esportivas, olimpíadas e reparava como os corpos dos atletas eram tão diferentes entre si.

Corpos breves e densos, semelhantes a um massivo tronco de árvore eram comuns no levantamento de peso, onde não raro coloca-se o dobro do próprio peso em forma de barra e anilha acima da própria cabeça, colocando-se corajosamente embaixo dessa carga com a confiança inabalável de que irá suportar a pressão e vencê-la. Absolutamente incrível!

Uma competição de salto feminino com vara, então? Atletas absolutamente longilíneas, com equilíbrio cuidadoso entre massa muscular e estrutura que as deixava prontas para explodir despejando de uma só vez toda força em uma haste que irá se vergar e produzir o Insólito: um voo gracioso e absolutamente controlado à inacreditáveis quatro, quase cinco metros de altura, transpassando um sarrafo e aterrizando em seguida em um colchão de ar e de glória, um tremendo feito!

Agora vem a parte que simplesmente parou meu coração de menino: esses atletas não tinham nascido com aquelas formas perfeitas. Eles não tinham adquirido essas habilidades de forma "natural" tal como um bebê aprende a andar! Não! Eles haviam treinado, alguns deles praticamente a vida toda, construindo os próprios corpos na forja alimentada pelo fogo da própria vontade.

Neste ponto me perguntei algo que seguiria caminhando ao meu lado, no campo do oculto, por longos anos: "Até que ponto podemos chegar? O que poderíamos fazer com esse poder?". Acredito, inclusive, que muitos destes atletas que eu via na televisão também assim se questionaram e, em muitos casos, suas vidas eram "a" resposta para essa pergunta.

Para o médico, pretenso escritor e apaixonado por exercício que compartilha com vocês histórias de infância, a resposta começou a ficar mais clara depois de 2008, ano em que meu filho nasceu e eu fiz minha pós-graduação em fisiologia do exercício. Era raro médicos optarem por fazer esse curso de mais de dois anos (ali éramos dois entre mais de duzentos alunos) pois não era evidente a aplicação prática dos conhecimentos ali na clínica cotidiana.

Visão equivocada, devo dizer. Desde então, aprendi a direcionar os esforços dos meus pacientes para uma ferramenta que modifica corpos, trata doenças (sim, eu escrevi isso mesmo: realiza tratamento) e muda a realidade de quem se dedica com consistência no próprio projeto.

Diante disso, fica aqui a pergunta que não quer calar, para que entre na cabeça e nos corações dos meus estimados leitores(as): "Até onde o exercício pode me levar? Como é a melhor versão de mim?". Vamos (nos) descobrir?

Alexandre Martin é médico especialista em acupuntura e com formação em medicina chinesa e osteopatia (xan.martin@gmail.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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