Vivemos no presente. Para além disso: vivemos somente O PRESENTE. O instante presente é o único que é passível de ser "vivenciado", tal como entendemos a palavra, porque ele é o único "portador" da nossa energia vital.
O passado, no entanto, não tem energia própria suficiente para se emanar e se manifestar, ele precisa ter a energia do presente para vir à tona. Então, podem perguntar, como o passado influencia o que somos, o que pensamos, dizemos e fazemos?
De um ponto de vista energético, todos os fatos da nossa vida estão gravados em um campo pessoal, de forma única, como uma "assinatura". Esse campo é compartilhado e está disponível para ser visitado a todo momento, por todos que têm acesso a esse "registro".
Recordar-se de algo é acoplar a energia que temos disponível do momento presente com o passado, fazendo com que ela flua e se misture com a "assinatura" energética desse conjunto de coisas (pessoas, ambientes e fatos) que chamei também de "registro".
Vamos a um exemplo prático? Vou investir a minha energia do momento presente me recordando de uma sexta-feira pela manhã, que teve seu lugar na linha do tempo há mais de 40 anos. Era um dia claro e não muito quente, na quadra poliesportiva do colégio Divino Salvador e naquele dia em especial, minha mãe me acompanhava. Eu estava uniformizado de short curto e camiseta de tecido fino e de cor "caramelo" e ela estava linda, de calça social preta e uma blusa branca e de cabelo castanho e "Chanel".
Nesse dia, ganhei um livro chamado "A borboleta azul", por ter concluído a primeira série do ensino fundamental e considerado oficialmente alfabetizado. Era o primeiro livro que eu poderia ler, sem o auxílio de ninguém. Recordo-me agora da letra bonita dela na contracapa, me falando muitas coisas, dentre elas que aquele livro seria o primeiro de muitos que leria, na vida. Quem me visitar no meu consultório (todos convidados!) verá as estantes repletas e o quão certeira minha mãe foi nessa profecia.
Boa lembrança!
Sentiram como o passado tomou conta do meu presente? Como ele usou a minha energia para que eu e alguns dos senhores(as) me acompanhassem nessa pequena viagem?
Eu mesmo sofri as consequências (agradáveis) desse passado que "pulou" para o meu presente, nos meus múltiplos corpos, físicos e energéticos. Isso é comprovável inclusive com níveis de hormônios no meu sangue e neurotransmissores no meu cérebro. Poderia me recordar várias vezes disso e todas elas a emoção iria ser mobilizada e mudanças despertadas nos meus corpos. Positivamente, no caso.
Contudo, imaginem que lembranças desagradáveis, decorrentes de traumas (como exemplo, um abuso) podem causar a repetição da dor quando recordados, bem como reativar e replicar as reações que os sistemas tiveram à essa dor. É como se estivesse passando pelo abuso novamente!
O mais brutal, no entanto, é que esse processo faz com que o abusado traga o comportamento de medo e retração para todos os momentos "presentes" da sua vida, hábito reforçado pelo recordar constante da dor.
Fica a pergunta: como você tem usado o seu passado? Ele te liberta e dá força para o presente ou lhe escraviza e rouba-lhe o futuro?
Alexandre Martin é médico especialista em acupuntura, com formação em medicina chinesa e osteopatia (xan.martin@gmail.com)
Comentários
1 Comentários
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Silva Pauleto 02/02/2024Perfeito Alê!!! ????????????????????