OPINIÃO

Você acredita no Papai Noel?

15/12/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Caso eu faça uma pergunta dessas, sobre o "bom velhinho" para o meu caro(a) leitor(a), surgirá a interpretação de que eu esteja, jocosamente, perguntando sobre a crença em algo inexistente. Entendo isso e observo que tal interpretação se tornou até o senso comum, mesmo nesta época de final de ano e conclusão de ciclo, onde um certo "re-encantamento" do mundo seria esperado.

A lenda do Papai Noel é baseada em fatos históricos e personagens reais, mas é claro que tem dentro de si uma grande hipérbole de criatividade e invenção. Dizer que ela não é verdadeira (no sentido factual) é evidenciar o que já é óbvio. O ponto é que ela foi feita para explicar, ao público infantil, a energia de carinho, de amor e de fraternidade que o rito natalino evoca.

Manter essa tradição se justifica por alguns motivos e gosto de lembrar ao menos dois: para as crianças é mais simples entender estes fluxos energéticos de maneira mais "romanceada", fraternal e com materializações na forma de presentes: Natal é a época de uma boa nova, onde você dá um pouco e recebe muito.

Depois, nós temos no nosso íntimo, uma criança que ainda espera seu presente e a vinda do invisível que subitamente a acolhe. Viver esta tradição é cuidar e dar vazão a este sentimento, que é infantil, mas também é puro e inocente. Acredito que o serviço dado a esta parte de nós mesmos seja, no mínimo, uma atitude sábia e madura.

Contudo, fica uma pergunta: qual é a ponte para que mesmo nós, adultos e racionalistas, consigamos nos conectar com esta magia pueril? Creio que a confiança é o começo de um caminho que leva à resposta.

Confiar é um ato consciente, que pode inclusive ser embasado na lógica e racionalismo do adulto. Ao entender a importância do re-encantamento do Natal, transformamos a realidade ordinária através do rito natalino (árvore, ceia, presentes etc.) em algo único e especial.

Note que podemos escolher acreditar e fazer acontecer o milagre, pois com estes atos damos oportunidade para que algo se manifeste: o espírito de Natal.

Tal como a criança sabe (e confia) que o seu presente virá do Papai Noel, mesmo que ele venha de uma loja e patrocinado pelo ganho financeiro do papai e da mamãe, podemos confiar que somos hoje "parceiros" do São Nicolau na sua incansável missão de espalhar amor e fraternidade em uma noite, ao redor do mundo e, com isso, ganhar além do sorriso de fazer alguém feliz, algo a mais: a Magia que vem com ele.

Ao trabalhar para perpetuar esta tradição e ao mesmo tempo, de forma consciente, aproveitar da magia que nós mesmos criamos, temos a porta aberta para o entendimento (e a prática) de algo maior e mais maduro: a Fé que advém desta confiança.

O leitor(a) pode então desconfiar, então, onde todo este caminho percorrido irá levar: à Esperança, que se renova a cada ano, a cada rito, a cada criança sorridente e feliz, com seu presente, entregue na noite de Natal pelo gentil velhinho (quem dirá o contrário?) que veio voando leve como folha, com seu trenó, na plácida noite de Natal.

Alexandre Martin é médico acupunturista, com formação em Medicina Chinesa e Osteopatia (xan.martin@gmail.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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