Dizem que no plano invisível o clima é constante, como uma "eterna" primavera ou um primoroso e infindável outono. Eu, particularmente, não creio que alguma percepção do plano astral possa ser traduzida como algo semelhante ao nosso clima, então, para mim, esta expressão me diz mais sobre a característica de contraste e mutação no plano terrestre.
Aqui temos um fator em constante movimento, o tempo, que contrasta com o conceito do "eterno" que seria mais um "não-tempo". Essa mudança arrasta consigo algo que somente ocorre aqui, no nosso reino: as constantes mudanças, os ciclos de morte e nascimento.
Desta forma, nos parece natural que certos fenômenos ocorram somente em alguns momentos e não em outros, que energias fluam com mais facilidade e abundância em determinados momentos do ano e não em outros. Isso ocorre pois o enlace das energias cósmicas e das que provêm do próprio planeta ocorre em quantidades diferentes produzindo resultados diversos.
Estamos no período do ano, o alto da primavera, onde a energia cósmica (mais verticalizada) se encontra com a energia telúrica (mais horizontalizada) em quantidade e condições que favorecem o enlace e união de opostos, sagrado masculino e feminino, favorecendo a criação do novo. Por isso a associação desta época do ano com a união, o enlace conjugal e a fecundidade.
Os dias progressivamente mais longos, quentes e claros, os pássaros que cantam e encantam com plumagens, danças e rituais. Flores e cores. A vida como um todo triunfa, mais uma vez, sobre o seco, frio e árido inverno, onde reinava reclusão e solidão. Todos estes fenômenos e fatos são sinais de um campo etéreo à que estamos expostos e dele podemos tirar vantagem se harmonizando com o fluxo crescente de energia fértil… ou não.
Caso o momento da sua vida, nesta semana e na anterior, pouco se assemelhou à minha descrição não é porque este estado energético seja algo inventado ou mesmo produto de uma sugestão. Todos estamos sujeitos às suas variações, estejamos atentos a elas ou não.
Ocorre que este estado de união de opostos é um dos mais belos enlaces que podemos observar, mas também um dos mais desafiantes do ciclo anual por reunir, em casamento alquímico perfeito o fogo e a água, o calor e o frio, o úmido e o seco. Isto demanda um trabalho prévio de estruturação para que sejamos leves e fluidos com o nosso meio e possamos extrair dele o melhor.
Um exemplo para tornar fácil: é como o surfista, em cima da sua prancha, que aguarda a onda chegar. A onda não é produzida por ele; O que depende dele é estar pronto (com o físico "em dia" para remar, na posição certa e equilibrada na sua prancha) na hora e no local certo. Fazendo a leitura destes fatores, ele pode aproveitar a energia de toneladas de água se deslocando como se fosse parte do corpo dele, sentir-se uno com o poder da natureza, em força e velocidade, quase uma experiência religiosa (porque "re-liga" com uma energia maior). Contudo, se ele não está preparado ou não sabe o local exato onde este encontro de "casamento" entre corpo e onda pode ocorrer… a ocasião passa e nada acontece.
Vocês têm se preparado para as oportunidades e encontros da vida?
Alexandre Martin é médico especialista em acupuntura e com formação em medicina tradicional chinesa e osteopatia (xan.martin@gmail.com)