OPINIÃO

O eixo da vida e o ponto do equilíbrio

27/10/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Uma das diversões do Dr. Alexandre aqui é levantar pesos. O treinamento de força, quando bem direcionado e assistido por mestres, traz saúde, resiliência mental e um bocado de diversão para o dia a dia. A minha proposta hoje é que ele possa fornecer também uma alegoria "teatral" para demonstrar um aspecto importante do equilíbrio da vida.

Quem já praticou ou ao menos tem contato com este tipo de esporte, observou que, não raro, atletas razoavelmente treinados levantam barras e anilhas equivalentes, em peso, da própria massa corporal… 80, 100 quilos ou mais. No entanto, se fossem convidados a levantarem um sofá que pesa, digamos 50 quilos, teriam muita dificuldade, mesmo ele tendo a metade do peso. Por quê?

Um dos motivos é que barra e anilhas são de forma regular, densidade uniforme e dispostas em torno de um centro de gravidade bem definido, próximo do centro de gravidade do próprio atleta. Todo o esforço dele, então, pode ser direcionado para afastar este centro do solo, levantando a carga do chão. Já em um sofá, temos uma "carga" irregular, fora de centro de gravidade, composta de diferentes materiais com peso e densidades diferentes, sem ter lugar "bom" para pegar e, DESEQUILÍBRADO, mesmo uma tarefa fácil pode se tornar complicada de ser executada.

Esse é o ponto. O equilíbrio é um elemento fundamental para que a energia e os esforços de um indivíduo possam ser direcionados e fluam para executar as tarefas necessárias… ou se quiserem, para "levantar" a vida. Sem equilíbrio o indivíduo perde o foco e o seu potencial, desperdiçando a sua força e possibilidades.

Que equilíbrio é esse?

O equilíbrio é mais que um ponto: é um fio guia, uma direção, dada pela energia da vontade que é nata em todo homem e mulher.

Uma vez que o indivíduo sabe o que quer (primeira condição para se fazer qualquer coisa!) ao redor do "fio" dessa vontade se aglutinam a energia do seu corpo psíquico, com as emoções, que o movimentam no sentido da realização (gerando o entusiasmo, por exemplo) e as críticas, oriundas do corpo mental concreto, apontando o que poderá ser realidade ou não.

Começa então quase que uma batalha, que irá dar corpo e firmeza à vontade, de início perfeita, mas abstrata demais para se materializar na nossa dimensão.

Por vezes a vontade é forte, a emoção para que se realize é intensa e as coisas se movimentam bem, mas se o processo não se equilibrar com a quantidade de energia racional suficiente, o projeto rui por falta de atenção aos elementos práticos e imediatos. Tudo, então, não passará de um sonho.

No entanto, se for feita de forma cuidadosa, emoção temperada com racionalismo prático se reúnem em torno de um centro único e de forma consistente, o que permite a síntese do elemento material, tal como cimento e tijolos, se estruturam ao redor do guia e tragam o que era sonho, para a realidade.

Tudo, contudo, começou com um sutil fio e muito equilíbrio ao seu redor. Equilíbrio, em todas as etapas, é a base de todo projeto.

Alexandre Martin é médico, especialista em acupuntura com formação em medicina chinesa e osteopatia (xan.martin@gmail.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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