Opinião

A evolução dos mamíferos

20/10/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Como médico, a minha formação e esforço no estudo da vida é voltada para o presente e para o futuro, visando tratamentos de doenças, mas, por vezes, gosto de assumir uma persona naturalista e, tal como Darwin e Lamarck, estudar as origens do fenômeno da vida e como ela evoluiu ao longo do tempo.

Sendo assim, ao ver o desenvolvimento da vida terrestre, nos deparamos com um momento em que duas "correntes de pensamento" na corrida da sobrevivência divergem e começaram a competir entre si. Refiro-me às estratégias adotadas pelos répteis e seus descendentes diretos, as aves, em contraste com a estratégia dos mamíferos.

Especialmente entre os répteis, o uso de ovos para abrigar os seus embriões é bem semelhante aos primeiros animais aquáticos, sendo este aparato somente adaptado para o novo ambiente seco: a casca dura e com bolsas de nutrientes e excreção.

Logo após a concepção o embrião é colocado nesse reservatório e depois de pouco tempo, eclode um ser muito semelhante ao adulto, só que em tamanho menor. O período gestacional é rápido e ele pode ser armazenado com os seus "irmãos" em estruturas semelhantes ao ninho onde o macho ou a fêmea podem guardar dos predadores.

A desvantagem do método é que estes seres não podem ser muito complexos porque não existe muito tempo para evoluírem, veja que o período gestacional é um tempo de fragilidade, tanto para o ser que se forma, quanto para o que cuida dele, no caso, um dos pais.

Agora, os mamíferos revolucionaram este campo. Para obterem corpos maiores, mais complexos, com controle de temperatura que os permitem explorar os mais variados terrenos, os períodos gestacionais se tornaram mais longos.

A fim de que as fêmeas não ficassem excessivamente desprotegidas, as ninhadas estão dentro do corpo delas (surgiu a ideia do útero) e mesmo assim, o bebê, ao nascer, é imaturo e precisa de cuidados durante um longo tempo, antes da própria autonomia.

Para resolver isso, a mama foi "inventada". Trata-se de uma glândula da pele, capaz de extrair nutrientes do sangue, o armazenar e fornecer para o bebê, de forma pronta e adequada às suas necessidades de nutrição e de defesa do organismo (leite materno contém anticorpos).

Surgiu então, nesta linha evolutiva de mamíferos (daí o nome do grupo) a relação desta glândula com a maternidade, com o cuidado, com o zelo à própria descendência.

Por que o conhecimento destes fatos é importante? O mês de outubro alerta e conscientiza sobre o câncer de mama no Brasil. Ora, o que causa um câncer, na sua essência? Não existe uma resposta para essa pergunta, somente várias teorias. Sabendo que o câncer começa à nível celular, no DNA, a melhor pergunta seria: "O que estimula o DNA de uma célula da mama a se desenvolver de maneira inadequada?"

Uma teoria seria que o subconsciente da mulher se depara com a necessidade de cumprir a demanda biológica de cuidar e nutrir, a função primária que existe na raiz de toda célula da glândula mamária, inscrita no DNA, gerando então estímulo para o desenvolvimento da mesma, mas, como este ocorre fora do contexto hormonal adequado, esta multiplicação ocorre de maneira inadequada e portanto danosa ao indivíduo, sendo reconhecida aqui como as diferentes modalidades da doença.

Alexandre Martin é médico especializado em acupuntura e com formação em medicina chinesa e osteopatia (xan.martin@gmail.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.