CAMPO LIMPO

Prefeito lamenta crise e tenta retomar o controle da APAE

Entidade afastou prefeitura do comando na semana passada; famílias de assistidos pressionam por retorno

Por Mariana Meira | 29/09/2023 | Tempo de leitura: 3 min
Jornal de Jundiaí

JORNAL DE JUNDIAÍ

Luiz Braz se disse decepcionado com postura da APAE, que ofereceu resistência às ofertas de parceria
Luiz Braz se disse decepcionado com postura da APAE, que ofereceu resistência às ofertas de parceria

O prefeito de Campo Limpo Paulista, Luiz Antonio Braz, afirmou que o Executivo vai entrar com um recurso contra a liminar judicial imposta pela APAE do município no último dia 19. Desde essa data, a prefeitura, que assumia a administração da entidade há cerca de dois meses, foi afastada e impedida pela Justiça de manter sua estrutura e serviços na sede, que atende centenas de crianças, jovens e adultos com deficiência por mês.

“Vamos entrar com um recurso, devemos ganhar e voltar para lá, para fazer o que interessa, porque temos intenção de ajudar. A APAE é uma entidade privada mas que precisa do poder público para funcionar”, disse o prefeito, em entrevista exclusiva, ao vivo, na tarde de ontem, no programa “Difusora 360”.

Apesar do otimismo com relação à resolução do problema, Luiz Braz mostrou desgaste ao falar sobre o imbróglio entre a entidade e a prefeitura, que já vem se arrastando desde o início do ano, quando o governo do Estado de São Paulo cortou o repasse de verbas à associação após uma denúncia de fraude por parte da então diretoria.

A partir dali, começou uma sequência de tentativas - frustradas - de negociação de parceria. “Tentamos negociar em reuniões, fui até lá várias vezes para conversar, mas eles rejeitaram nossa proposta por três vezes. Agora a gente sabe que, na verdade, não queriam que a gente enxergasse o tanto de problema que tinha ali dentro. Isso foi maldade. Não gostei disso. Não gostei mesmo”, repudiou o chefe do Executivo.

AÇÃO MAIS FIRME

Após meses de resistência por parte da APAE, a Prefeitura de Campo Limpo Paulista decidiu por intervir de maneira mais drástica e assumir a administração da unidade. “Foi necessária a intervenção, e foi bom porque descobrimos muito mais coisas erradas”, disse o prefeito, sobre a continuidade de descobertas de fraudes contidas em mais de 80 laudos médicos enviados pela APAE à Delegacia Regional de Ensino.

Segundo Luiz Braz, um dos motivos para a medida da prefeitura se deu porque o governo estadual, ao cortar as verbas, quis transferir os alunos da entidade a Várzea Paulista e a Jarinu, o que o prefeito não permitiu por acreditar que eles devem permanecer na cidade, em seguimento ao tratamento multidisciplinar que já recebem.

Nesta semana, pais e mães de assistidos da APAE foram às ruas de Campo Limpo protestar contra a ação judicial e pedir o retorno da prefeitura no comando da instituição. Os vereadores municipais também levaram a discussão ao plenário, a pedido das famílias.

Na entrevista, Luiz Braz não definiu o prazo para o retorno do recurso que a prefeitura vai solicitar. Apenas adiantou que fez tratativas com o Estado para que minimizem a punição, e que teve como garantia um valor de R$ 500 mil válidos a partir do ano que vem. “Precisamos de professor, de monitor, de fisioterapeuta, de fonoaudiólogo, de psicólogo. Isso sem contar na merenda, no transporte e em tantos outros serviços”, pontua o prefeito.

Ele afirmou ainda que a intenção do Executivo é apenas auxiliar a APAE a atravessar o momento mais crítico de fragilidade e incentivar que ela volte a caminhar sozinha. A reportagem tentou contato com a associação para saber como tem funcionado e se há intenção de aceitar a negociação da prefeitura, mas não obteve retorno.

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