O Brasil utilizou neste ano uma área plantada de 77 milhões de hectares e tem uma área degradada de quase o dobro, 140 milhões de hectares. Podemos triplicar a área utilizada para o plantio sem a necessidade de desmatar, podemos zerar o desmatamento hoje.
Desde criança, lá nos anos 1970, escuto dizer que o Brasil tem a maior área agriculturável do planeta. Em novembro de 2017, Agência Espacial Norte-Americana (NASA) publicou o mapeamento e o cálculo das áreas cultivadas do Planeta, excluindo áreas de exploração e plantio florestal e de reflorestamento. Foi utilizado o satélite Landsat 8, ou seja, um método à prova das informações providas por governos.
O mundo tinha 1,87 bilhão de hectares de lavouras. A população mundial estava em 7,6 bilhões em 2017. Cada hectare, em média, alimentaria quatro pessoas. Mas a produtividade varia muito, em função de solos, clima, tecnologia empregada e tipo e qualidade dos cultivos produzidos.
Disso decorrem grandes diferenças entre os desempenhos agrícolas dos países. Vemos isso também no Brasil, temos a Embrapa e outros institutos, podemos resolver rapidamente.
As maiores extensões cultivadas estavam na Índia, 179,8 milhões de hectares, nos Estados Unidos, 167,8 Mha, na China, 165,2 Mha e na Rússia, 155,8 Mha, estes quatro países totalizam 36% da área cultivada do Planeta. O Brasil vinha em seguida (64 milhões de hectares naquele ano), ocupa o quinto lugar, seguido por Canadá, Argentina, Indonésia, Austrália e México.
As áreas desses países representam as seguintes porcentagens do total cultivado no Planeta: Índia, 9,60%; EUA, 8,96%; China, 8,82%; Rússia,8,32%; Brasil, 3,42%; totaliza-se, com estes valores, quase 40%. Se o Brasil recuperar as áreas degradadas, seremos o primeiro, respondendo minha pergunta.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a área terrestre no mundo adequada para a agricultura, incluindo pecuária, em uso e potencial, compreende cerca de 3 bilhões de hectares. Entretanto, atualmente, mais de 1,5 bilhão de hectares de terras são usadas para a produção agrícola no mundo.
A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) tem muitos projetos para recuperação de solos em cada bioma brasileiro. Por exemplo, para disseminação nas Áreas de Proteção Permanente, inclui até mesmo a goiabeira, embora não seja nativa, ela estimula a revegetação natural, porque atrai muitas aves, que trazem sementes, funcionando como planta-núcleo de pequenos capões iniciais, definhando depois, sob sombreamento.
Outra planta interessante é a crotalária, leguminosa de rápido crescimento, que tem sido utilizada para adubação verde. Ela é excelente no controle dos nematóides do solo (pequenas larvas que atacam as plantas) e na fixação biológica de nitrogênio (400 kg por hectare), reduzindo a necessidade de aplicação de fertilizantes nitrogenados. A crotalária é uma boa alternativa para a renovação de canaviais, pois pode ser cultivada entre os meses de outubro a março, beneficiando o canavial que será posteriormente replantado.
Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano (mariosaturno@uol.com.br)