DESPESA

Locações estão em alta em Jundiaí, e isso não é bom

Por Nathália Sousa |
| Tempo de leitura: 3 min
Daniel Tegon Polli
O aluguel segue em alta na região de Jundiaí, mas a venda de imóveis está em desaceleração
O aluguel segue em alta na região de Jundiaí, mas a venda de imóveis está em desaceleração

Na região de Jundiaí, a locação de imóveis acumula alta de 210% de janeiro a junho deste ano. Já a venda teve aumento de 53% no mesmo período. Essa alta do aluguel, porém, não é positiva, pois o principal motivo de mudança das pessoas, desde o início do ano, é ir para um imóvel mais barato.

Com a valorização do aluguel, as mudanças aumentaram, já que, após o fim do contrato de locação, geralmente ele não é renovado devido ao reajuste. Também há outros motivos que levam a esse comportamento nômade adotado na região, mas a minoria das pessoas que deixa um imóvel decide se mudar para outro imóvel mais caro que o anterior. Esses são dados do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (Creci-SP), com imobiliárias de Atibaia, Bom Jesus dos Perdoes, Bragança Paulista, Cabreúva, Campo Limpo Paulista, Itupeva, Jundiaí, Louveira e Várzea Paulista.

Moradora de Jundiaí, Camila Oliveira diz que morar de aluguel em Jundiaí está mais difícil a cada dia. "Aluguel absurdo, não pode criança, não pode cachorro, não tem garagem, muitas casas caindo aos pedaços. Também precisamos pagar aluguel, IPTU, seguro fiança e, às vezes, dar três aluguéis adiantados. Eu sou casada e tenho dois filhos, de três e 14 anos, e é superdifícil achar casa. Quando achamos, o valor é absurdo."

Camila se mudou recentemente, desistiu de morar onde estava por conta das condições do imóvel, que o dono se recusava a reformar. "Precisei entregar um apartamento pelo simples fato do dono não querer melhorar coisas que precisavam. Eu pagava aluguel, condomínio, IPTU, gás, água, luz e desde a pandemia os valores só sobem. A pandemia veio e os preços subiram, mas não abaixaram até agora. Agora estou me organizando para sair do aluguel", conta.

MOVIMENTAÇÃO

Presidente do Creci-SP, José Augusto Viana Neto explica a situação. "A locação é complexa, porque quando aumenta o número de locação, não é notícia boa. A maioria dos negócios é de imóveis devolvidos, porque o locador não conseguiu pagar o aluguel na renovação do contrato. O proprietário não precisa seguir o IGP-M para reajuste, mas cobram um valor que as pessoas não conseguem pagar, então o locador vai para uma região mais barata. Se essa pessoa não sai do imóvel, não teriam dois aluguéis, o do imóvel em que ele morava e deixa e o outro, que ele aluga, geralmente na periferia. Por isso que o aumento do aluguel não é uma boa situação."

José Augusto conta que o valor alto do aluguel se deve à baixa oferta e alta procura na região. Para ele, medidas de fomento ao investimento imobiliário e à casa própria são necessários para mudar o cenário. "Com a taxa de juros alta, os investidores não querem imóveis, porque o retorno é menor que outras aplicações. Para aumentar a oferta e abaixar o aluguel, precisaria de incentivos, como não cobrar IPTU de imóveis com aluguéis mais baratos."

"O Minha Casa, Minha Vida traz expectativa otimista para o mercado imobiliário. 71,4% dos imóveis negociados em junho na região de Jundiaí têm valor de até R$ 300 mil. O Minha Casa, Minha Vida tem abrangência de até R$ 350 mil. A taxa de juros também estão muito alta, mas com os juros do programa, as pessoas conseguem comprar um imóvel", diz ele, acrescentando que isso alivia a pressão sobre o mercado de locações.

Augusto Viana diz que locadores não conseguem renovar contrato
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