Opinião

Cores e temperaturas das emoções

14/07/2023 | Tempo de leitura: 2 min

Um pouco de nostalgia para começar nosso artigo! No começo da faculdade de medicina eu fiquei muito desanimado e pensei em desistir. Meu pai, naturalmente, muito preocupado, recorreu a um primo-irmão, médico pediatra, muito famoso na região.

"Este menino está desanimado porque o começo da faculdade é muito estudo e teoria", disse ele, com a autoridade de quem já percorreu o caminho da profissão. "Se ele tiver contato com a prática, se anima de novo."

Foi assim que passei as minhas férias do segundo ano da faculdade participando das visitas à enfermaria de pediatria onde o meu "tio" era chefe na época (o chamo assim, de forma carinhosa, até hoje, pois foi do convívio da minha casa, além do meu pediatra).

Homem de muito conhecimento e extremamente culto (me espelho nele em muito no exercício da minha profissão) era muito exato e preciso em suas colocações: tudo embasado cientificamente, em vários livros e artigos que havia lido.

Eu aproveitava tudo da maneira que podia, aprendendo o que conseguia. Neófito no ambiente, acabava tendo um olhar diferente de todos os outros estudantes que ali estavam. Uma coisa me chamou a atenção, em um comentário do meu "tio", homem tão pragmático, sobre um paciente com infecção de natureza viral:

- Essa doença é muito "sorrateira", temos que ficar atentos, pois se ela não é combatida com vigor, pode retornar mais forte! - falou meu então professor, dando-me a impressão nítida de que lidávamos com algo (ou alguém) com sentimentos, capaz de vingar-se atacando o paciente, acaso não o exterminássemos. Contudo, se tratava de um vírus, que nem é classificado como ser vivo!

Como humanos, temos a "mania" de personificar todas as coisas, mesmo aquelas que nem sistema nervoso possuem! Existem algumas explicações da psicologia para isso, porém quero atentar ao fato de que este tipo de prática, em particular dentro da medicina, não é nada nova.

As energias climáticas que podem influenciar o campo energético das pessoas provocando sintomas típicos de gripes e resfriados, dentro da medicina tradicional chinesa são chamadas de energias "perversas" (veja que é um adjetivo que coloca uma certa personalidade "maligna" em um fenômeno climático).

O fato é que podemos apresentar alterações de humor quando sobre a influência destas irradiações: É comum que pessoas se sintam mais melancólicas e depressivas no tempo frio. Se eu pedir para você imaginar uma paisagem que lhe convide a introspecção, à reflexão de aspectos profundos da própria personalidade, qual destas duas lhe parece mais convidativa: a praia agitada no alto verão ou os caminhos silenciosos com árvores e neve nos países do Hemisfério Norte?

Então não é nada exagerado pensar que as emoções são padrões energéticos que se associam (e se propagam) às cores, temperaturas e (por que não?) emoções… todos ocorrendo ao mesmo tempo, como que atingindo a nossa percepção através de várias portas de entrada para o nosso próprio sistema.

Alexandre Martin é médico especialista em acupuntura com formação em medicina tradicional chinesa e osteopatia (xan.martin@gmail.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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