Opinião

Pensamentos e hormônios

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Só muito recentemente a medicina começou a incorporar nas suas pesquisas fato que há muito é percebido por homens do mundo todo: as mulheres pensam diferentemente e isso muito provavelmente tem a ver com o fato delas… serem mulheres.

Pode parecer um pouco óbvio e talvez até levemente irônico essa minha última frase, mas ela aí foi posta para refletir mais uma realidade factual: o ambiente hormonal que é gerado pelo corpo feminino afeta o funcionamento do sistema nervoso de forma decisiva e em todas as fases da vida, desde a infância bem como na velhice, passando pela fase onde isso é muito evidente, na vida adulta, onde o ciclo hormonal responsável pela fertilidade feminina gera a chamada "mulher de fases".

Quem conhece e me acompanha em minhas divagações literárias (aqui nesse respeitável periódico já há anos) sabe da minha profunda admiração pelo Feminino e a magia responsável pelo funcionamento perfeito deste, enquanto se faz corpo na forma de mulher. O reconhecimento dessas diferenças e fases por mim, que sou forma masculina com suas propriedades e particularidades também, está mais para elogio e respeito do que para qualquer outro sentimento.

Afinal de contas, o bem conhecer leva ao bem-cuidar e isso é uma forma de amar, sem dúvida. Merecedoras desse cuidado são todas aquelas figuras femininas que me acompanham por toda minha vida, desde minha mãe, minha esposa, primas, minhas caras amigas (algumas de décadas de amizade!), jovens sobrinhas e sobrinha-neta (sim, já a tenho!), cada qual me lembrando das características da fase em que se encontram.

Segundo estudos que se tornam cada vez mais numerosos, mas podem ser apreciados de forma fácil e prazerosa pelo leigo em ciência em livros como o excelente da Dra. Louann Brizendine, "El cerebro Femenino", mesmo desde a infância o cérebro feminino se adapta e se compacta diferentemente que o masculino, graças às ações hormonais, sutis nessa fase, mas inquestionavelmente atuantes: quem discorda que as meninas são mais comunicativas, sociáveis e dadas ao trabalho em grupo que seus colegas masculinos?

Na adolescência, então? Diferenças gritantes, inclusive com as meninas maturando-se anos antes que meninos, entrando em fase com a energia telúrica (energia que é própria dos ciclos do planeta Terra) e lunar, expresso nas diferentes etapas do seu ciclo menstrual.

Essas observações, como falei, hoje possuem base científica (enfim…) e justificam, como bem dito no referido livro, que doses de medicamentos comuns nos nossos consultórios sejam revisadas, pois quem as toma está exposto a um sistema hormonal feminino (comumente as mulheres) ou masculino, sendo que as primeiras costumam ser muito mais sensíveis a alopatias e mesmo fitoterápicos do que os outros.

Essa dose nas mulheres, em alguns casos, deveria ser ajustada, inclusive diariamente, em determinados momentos como o que antecede o período do fluxo menstrual. Aí, ponto para a medicina chinesa, disciplina no qual sou versado: fazemos isso rotineiramente com nossas prescrições e aplicações de acupuntura.

Alexandre Martin é médico especialista em acupuntura com formação em medicina chinesa e osteopatia (xan.martin@gmail.com)

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