VIOLÊNCIA

Não adianta polícia se não há saúde emocional, diz gestora

Vasti Ferrari, da Educação de Jundiaí, expõe ações da prefeitura para evitar casos como o de Blumenau, ontem

Por Redação | 06/04/2023 | Tempo de leitura: 3 min
Jornal de Jundiaí

A gestora da Unidade de Gestão de Educação (UGE) de Jundiaí, Vasti Ferrari Marques, concedeu entrevista ao vivo no programa "Difusora 360" e falou sobre o posicionamento do município frente aos recentes casos de violência em escolas pelo Brasil - em especial o último, ontem, em Blumenau (SC), que deixou quatro crianças mortas e cinco feridas em uma creche.

O autor do crime é um homem de 25 anos, que foi até a creche usando uma motocicleta, atacou as crianças usando um machado, pulou o muro para fugir ao ver professores tentando salvar outros alunos e em seguida se entregou à polícia. Segundo o governador do estado de Santa Catarina, Jorginho Mello, o homem estaria em surto psicótico.

Vasti afirmou que o gabinete da Educação vem recebendo inúmeras ligações de pais, mães e responsáveis por crianças da rede de ensino de Jundiaí, manifestando preocupação com a segurança no ambiente escolar. "Muitas pessoas ligaram no gabinete pedindo mais policiais na porta das escolas, pedindo câmeras de segurança. Embora a gente entenda a aflição dos pais, porque também somos e sabemos que o mundo está violento, queremos é que a sociedade aprenda a conviver pacificamente, esse é nosso mote. Pode ter guarda, pode ter câmera, mas se aqueles que habitam aquele lugar tiverem atitudes violentas, nós não vamos resolver, apenas camuflar um problema social", disse.

A gestora defende que, em vez de policiamento, é necessário que o poder público compreenda a importância de elaborar ações em prol da saúde emocional da população, uma vez que, para ela, "a violência na maioria das vezes está dentro da própria casa". "A gente poderia colocar polícia na porta de todas as escolas. Mas as famílias precisam aprender a se comunicar, a se comunicar com seus filhos. Isso é o que os tornaria em seres humanos mais sensíveis, mais amáveis", defendeu.

Como exemplo, Vasti mencionou o programa Escola Inovadora, da prefeitura, que conta com um conjunto de ações na rede municipal de ensino para preparar os alunos além da parte pedagógica. "Essa é a chamada comunicação não violenta. O programa Escola Inovadora traz como eixo central de suas atividades a saúde mental dos nossos educadores, das nossas crianças e das nossas famílias."

Segundo ela, Jundiaí conta, dentro da Unidade de Educação, com outros programas com foco no combate à violência, como o "Marcas da infância", o "Cuidados com meu corpo" e o "Cria na paz" - este último voltado para bebês e seus tutores. "Isso porque, em grandes parte das vezes, pratica violência aquele que praticou violência, agride aquele que foi agredido, bate aquele que apanhou. Acredito que o mundo está dando pistas de que a gente precisa mudar o jeito de cuidar das nossas crianças e dos nossos adolescentes", enfatizou.

Repercussão nacional

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou que disponibilizará R$ 150 milhões para estados e municípios ampliarem rondas policiais no entorno de escolas.

O anúncio foi feito por ministros, após reunião chamada às pressas pelo chefe do Executivo no Palácio do Planalto, ontem. Os recursos para a medida virão do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP), do Ministério da Justiça.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, também anunciou que ampliará de 10 para 50 o número de policiais que participa do grupo de monitoramento da deep web.

"Estamos vendo nesse instante uma ideia de pânico, ameaças em relação a outras escolas, universidades. Estamos (...) com 50 policiais que vão se dedicar nos próximos dias exclusivamente a monitoramento dessas ameaças na internet."

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