VOZ ATIVA

Coletivo de Jundiaí fortalece direitos políticos das mulheres

Movimento, que envolve centenas de pessoas da cidade, tem desenvolvido ações para levar conhecimento e apoio a outras mulheres

Por Mariana Meira | 19/03/2023 | Tempo de leitura: 3 min

JORNAL DE JUNDIAÍ

Após elaborar manifesto coletivo, mulheres saíram às ruas do Centro de Jundiaí carregando cartazes com dizeres da luta feminista
Após elaborar manifesto coletivo, mulheres saíram às ruas do Centro de Jundiaí carregando cartazes com dizeres da luta feminista

O caso recente sobre a expulsão de dois participantes do programa Big Brother Brasil por importunação sexual ganhou ampla repercussão nas redes sociais nos últimos dias por se tratar de um acontecimento inédito nesses 23 anos de reality show e por envolver pessoas famosas. Mas o episódio envolve duas problemáticas: a primeira delas é o fato de o crime acontecer o tempo todo na sociedade anônima.

Segundo dados compilados pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça), o Brasil tem uma média de 13,6 novos casos de importunação sexual por dia levados à Justiça. No total, foram 2.886 novos processos pelo crime entre janeiro e julho de 2022 no país todo.

Se considerados todos os casos registrados pela polícia, e não somente os que chegam à Justiça, o número é maior: uma média de 52 por dia, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022 (com dados de 2021).

O segundo problema é a crônica falta de conhecimento, por parte das próprias mulheres, sobre os direitos que as protegem no dia a dia, um sintoma que tem sido estancado por uma série de movimentos feministas pelo Brasil. Jundiaí não fica de fora: andam pela cidade, diariamente, centenas de Promotoras Legais Populares (PLPs). Apesar de pouco conhecidas por boa parte da população, essas pessoas são lideranças comunitárias, capacitadas em noções básicas de Direito, direitos humanos das mulheres, organização do Estado e do Poder Judiciário, entre outros eixos temáticos.

Aiuna Mota Pinheiros, 27 anos, é uma dessas líderes. Jundiaiense e doula, ela se capacitou há quatro meses, motivada por vontade de ajudar mulheres que precisam de socorro, seja por vulnerabilidade social, saúde, violência ou outro contexto pessoal. "Como doula, eu sempre me engajei sobre a importância de combater a violência obstétrica, que muitas mulheres sofrem na hora do parto. Agora enquanto PLP, tenho um compromisso de buscar a justiça para todas", conta.

REDE DO BEM

Segundo Aiuna, o coletivo de PLPs em Jundiaí abrange mulheres de várias profissões, o que ajuda a criar uma rede solidária quando uma situação de emergência é detectada por uma delas. O grupo frequentemente solicita apoio da Prefeitura e da Câmara Municipal, mas tem centrado suas ações de forma direta com a sociedade civil.

Um exemplo recente é um manifesto, escrito por várias representantes, que Aiuna leu na última sessão ordinária do legislativo durante a Tribuna Livre, em homenagem ao mês da mulher. "Somos mulheres e resistimos", dizia um dos trechos do texto, que foi aplaudido pela plateia no plenário.

Várias das integrantes também percorreram as ruas do Centro carregando cartazes com dizeres da luta feminista. "O que motiva a fazer parte do grupo é saber que, de alguma maneira, estamos contribuindo para uma sociedade mais justa e igualitária. É um trabalho de formiguinha", afirma.

Desde 2016 capacitada como Promotora Legal Popular, Natiê hoje faz parte dos grupos Movimenta e Aliados, este último uma ONG que luta por causas LGBT em Jundiaí. Ela é uma das responsáveis por organizar o oferecimento dos cursos a novas mulheres - ação já realizada em locais como a Biblioteca Municipal Prof. Nelson Foot e o clube 28 de Setembro. "Eu acredito no poder de mobilização organizada de grupos considerados minoria na sociedade. As coisas só vão mudar se a gente se organizar entre as nossas, nos entendermos como coletivo e agirmos. Lutamos para construir uma sociedade melhor", diz.

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