Opinião

Consumo e troca energética

17/03/2023 | Tempo de leitura: 3 min

O homem moderno, enquanto espécie, homo sapiens sapiens, é relativamente novo no habitat da Terra, se compararmos com outras espécies que nos acompanham ainda hoje dividindo o planeta conosco. Contudo, é uma espécie extremamente vitoriosa em termos de evolução biológica, visto que em pouco tempo dominou o ambiente de uma forma massiva e o modifica de maneira quase que irreversível.

Exemplo disso no nosso cotidiano estão nossos hábitos de consumo. Graças à tecnologia moderna, alguns de nós têm à sua disposição todas as benesses que o ambiente pode fornecer; como exemplo, podemos comer a comida que quisermos a qualquer hora, sem se preocupar com estação do ano, com a abundância da colheita, a disponibilidade para caça, fatores esses outrora determinantes para a nossa dieta e, muitas vezes, para a nossa sobrevivência.

Para alguns, inclusive, a possibilidade de consumo está muito além da própria capacidade de receber o que pode adquirir, fazendo com que atraiam para si objetos e confortos que não realizarão a sua utilidade, pois, por questões de espaço e tempo, seria impossível usufruir deles integralmente.

É o caso, por exemplo, daquele que compra uma casa na praia, mas a utiliza como moradia uma ou duas semanas no ano inteiro. Há ainda o caso de outro indivíduo que tem na sua garagem oito carros, sendo que ele mesmo só pode dirigir um por vez. Ou ainda o caso daquela mulher que possui 40 pares de sapato, não sendo possível utilizá-los todos dentro de um mês, a menos que ela troque alguns deles durante o mesmo dia.

Vejam, dentro do conhecimento da medicina tradicional chinesa, a saúde é construída pelo livre fluxo de energias. Elas devem correr harmoniosamente pelos meridianos, trocando de polaridade e potencial, revitalizando células e o organismo. Assim nos regeneramos em um ritmo compatível com o desgaste que a própria vida nos impõe.

Note que o mecanismo de fluxo e troca proporcionada é fundamental para isso.

Imagine uma situação onde o coração, por exemplo, começa a armazenar mais energia do que consegue consumir. Logo apresentará sintomas de opressão torácica e falta de ar, pois o seu vórtex energético está congestionado. É necessário que o médico acupunturista, através de técnicas de manipulação e inserção de agulhas, coloque a energia estagnada novamente no fluxo dos canais, aliviando então os sintomas.

Podemos transferir o mesmo pensamento para bens de consumo e mesmo o próprio dinheiro. Acaso o deixemos acumulados em algum lugar sem que eles realizem o próprio propósito para o qual foram criados, começam agir como uma energia estagnada, densa, que impede a livre fluidez dos pensamentos, das emoções e por fim afetam o bem-estar.

O propósito mais elevado do dinheiro é gerar riqueza (e não miséria) e, para isso, deve estar em circulação, sendo "entregue" para outras pessoas, que continuarão esse ciclo por si próprias. Da mesma forma, objetos que não utilizamos devem ser colocados novamente à disposição de quem dará a eles um fim ou mesmo reciclá-los. Possuí-los em quantidade além da necessária dificulta recolocá-los em fluxo.

Alexandre Martin é médico especialista em acupuntura e com formação em medicina chinesa e osteopatia (xan.martin@gmail.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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