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Aliança com PSDB é possível, diz liderança petista

Por Mariana Meira | 12/03/2023 | Tempo de leitura: 3 min
Jornal de Jundiaí

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Mariana Janeiro
Mariana Janeiro

No primeiro semestre do ano passado, um dos assuntos mais comentados no cenário da política nacional era a aliança eleitoral firmada entre aquele que seria eleito presidente meses depois, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o ex-governador paulista Geraldo Alckmin. Histórico adversário do PT, inclusive no confronto das eleições do segundo turno em 2006, Alckmin deixou o PSDB em março para se filiar ao PSB, a fim de concorrer como vice na chapa que foi encabeçada por Lula.

Em entrevistas concedidas na época, o petista rebatia questionamentos de surpresa. "Isso chama-se política", chegou a dizer em discurso na abertura do congresso partidário do PSB, em Brasília.

Apesar do notável repúdio compartilhado entre os dois contra a política do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a dupla Alckmin e Lula não agradou a militantes do PT em um primeiro momento - mas passou a ser vista sob outra perspectiva mais adiante. Mariana Janeiro, líder jundiaiense ligada ao partido, foi uma das pessoas a se declarar abertamente contra a aliança, até que o governo petista de fato começasse a trabalhar, este ano, e mostrasse que a união foi acertada.

"Fui contra a vinda do Alckmin até o limite, mas tive algo chamado disciplina política e acabei me surpreendendo positivamente com ele. Foi um movimento ousado do Lula, talvez um dos mais importantes da história da política brasileira. Ninguém da esquerda jamais imaginaria algo assim anos atrás", diz ela, que, aos 28 anos, ocupa o cargo de Secretária Nacional de Mobilização do PT e de vice-presidente do partido em Jundiaí.

A declaração de Mariana, durante o programa "Difusora 360", da Rádio Difusora, surge em um momento em que as movimentações para as eleições municipais do ano que vem já começam a dar as caras na região. E depois de concorrer aos cargos de vereadora em Jundiaí em 2020 e de deputada federal em 2022, ela afirma que o resultado que considera positivo da junção entre PT e PSDB no Brasil pode ser replicado no município.

"Seria do meu maior interesse que o nosso campo lançasse uma candidatura para fazer disputa de ideias, mas as portas estão abertas para opções e para conhecer quais são essas opções. As eleições do ano passado abriram possibilidades que não imaginávamos, então existe diálogo possível entre os dois partidos em Jundiaí", argumentou, antecipando que sairá como candidata no ano que vem.

Um dos sinais verdes para parceria se acendeu quando o ministro de Relações Institucionais de Lula, Alexandre Padilha, visitou o Paço Municipal no final de fevereiro para uma reunião entre prefeitos da região. Lá, encontrou-se com 17 prefeitos e lideranças de 50 municípios, e prometeu R$ 600 milhões para reduzir as filas de cirurgias eletivas e exames no SUS. "Isso mostra que a gente está em um outro momento político, em que os partidos deixam de ser adversários de morte para se tornarem adversários só na política. E isso só é possível em um governo que está disposto a dialogar", aponta.

Entre idas e vindas a Brasília (DF) para manter as articulações do PT e discutir propostas para Jundiaí, Mariana frisa que, para isso acontecer, faz parte do jogo político entender que o governo petista, que ela classifica atualmente como de centro, precisa "ceder" dentro e fora do partido. "É preciso muita disposição e diálogo. Mas é possível, e 2024 está logo aí."

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