Opinião

A energia do Carnaval

17/02/2023 | Tempo de leitura: 2 min

Carnaval é uma celebração de fundo religioso que tem vários propósitos dentro da própria liturgia Cristã, sendo essa festa a mais conhecida e pela qual a maioria de nós brasileiros temos contato.

O Carnaval, contudo, tem os seus equivalentes em outras religiões modernas, como o judaísmo, por exemplo, com funções muito semelhantes às que conhecemos. Agora, o que impressiona é que ela possui suas origens em ritos e tradições milenares, prévios a essas egrégoras que chegam até nós, ligados mesmo à celebrações celtas antigas (vide a festa de Ostara, no começo da primavera).

O que é comum em todas essas tradições com relação ao carnaval? Temos um período em que é socialmente aceitável demonstrar "uma face "que normalmente não é vista, se comportar de maneira livre e muitas vezes libidinosa, sem os freios morais que normalmente utilizamos para que a nossa sociedade não se torne um caos generalizado.

Para tanto, a festa tem hora para  começar e acabar, valendo nesse período nos fantasiarmos de pessoas que não somos e, com isso,  figuras arquetípicas vêm à tona: Reis, Rainhas, Amantes, Malandros, Donzelas.

Do ponto de vista da medicina tradicional chinesa, a energia  do ressurgimento,  da alegria  e da descontração tem a ver com  o metabolismo energético do fígado. Como já citei várias vezes em artigos, para que nos mantenhamos saudáveis, esse órgão, que é o grande responsável pela circulação da energia no corpo todo,  necessita que a energia corra livre de obstáculos.

Uma circulação energética livre e desimpedida traz jovialidade, leveza e saúde para o indivíduo. Dentre as coisas que podem impedir a manifestação integral da energia do fígado está a contrariedade, o medo e o receio que podemos sentir ao confrontar os nossos desejos e aspirações com preconceitos e freios sociais de moralidade.

Em um exemplo prático: imagine um jovem adolescente, na fase da vida em que são típicas as distorções da própria imagem corporal. Imagine-o se achando magro demais ou com o seu nariz desproporcionalmente grande a ponto de gerar timidez e receio de se aproximar da menina que ele julga ser a mais linda que ele já viu na sua (não tão longa) vida.

Em que outra ocasião, senão no Carnaval, ele tem a possibilidade de deixar de lado os melindres e regras, para se tornar momentaneamente um Rei (sua fantasia) que vai cortejar a sua Rainha? Somente nessa ocasião o nódulo de energia que se encontra na estrutura astral deste garoto vai poder ser reintegrado à sua circulação e vivenciado plenamente, ainda que o seja enquanto durar o baile. Convenhamos: um curto tempo de reinado é bem melhor do que reinado algum.

Meu conselho então é que o Carnaval seja festejado, que as pessoas se entreguem aos seus desejos mais profundos, deem vazão as suas energias que guardadas,  algumas vezes já há muito tempo,  para que sejam reintegradas aos seus sistemas. Brinque com segurança e entre amigos que a folia fará muito bem para a saúde.

Alexandre Martin é médico especialista em acupuntura e com formação em medicina chinesa e osteopatia (xan.martin@gmail.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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