Ritos iniciáticos e a primeira menstruação

20/01/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Certo dia em uma conversa com uma amiga, ela observou como os ritos de iniciação e mesmo os sociais de antigamente eram extremamente machistas. Sempre contemplavam em suas cerimônias somente os homens. Sociedades secretas, desde Pitágoras até os Maçons Livres, aceitaram em seus círculos mais fechados somente a presença do gênero masculino.

Eu retruquei com uma risada, dizendo que isso era porque nós, homens, morríamos de inveja das mulheres por causa da "magia" da menstruação, desde a pré-história, nos primórdios da civilização.

Isso pode lhe causar estranheza, como o fez para minha amiga. Eu explico.

Passar por um rito de iniciação para marcar, por exemplo, a mudança psico-social de um "garoto" para um "homem" é uma coisa estritamente masculina, porque as mulheres não têm a necessidade de uma estrutura assim, sendo que elas recebem o mesmo rito advindo uma força ancestral e extremamente mais poderosa: a natureza em si!

Existe um significado energético da primeira menstruação que confere (ou marca) na mulher a capacidade de ser mãe, ou seja, ela se encontra iniciada, integrada e representante do sagrado poder na natureza de criar e albergar a vida.

Segundo a medicina Tradicional Chinesa, quando nascemos recebemos dos nossos pais o chamado Yuan Qi, (significa algo como original, genuíno) que a energia que vai nos acompanhar por toda a nossa vida. Dos desdobramentos do Yuan Qi virá toda a energia que iremos usar nessa vida e toda a nossa capacidade de gerarmos mais energia a partir dos elementos advindos do Sol (cosmos) e da Terra. O mais próximo do nosso entendimento ocidental do nosso potencial genético.

Esse potencial não é estático, se desenvolve ao longo do tempo. Na mulher, ele muda de forma relevante e se desenvolve segundo ciclos de sete anos.

Ao completar 14 anos (sete vezes dois), o desenvolvimento do Yuan Qi permite que a mulher produza uma quantidade superior de sangue para que se preencha os meridianos ren mai e chong mai, os dois mais influentes na coordenação do ciclo menstrual, capacitando assim, a mulher fazer um "abrigo" dentro de si que tem o potencial de gerar uma nova vida.

Esse poder lhes é conferido de uma maneira quase mágica e vai determinar a sua vida futura na terra com o representante do Poder sagrado da natureza. Quanto mais cedo a sua primeira menstruação, mais cedo será a menopausa, aproximadamente aos 49 anos (sete vezes sete) para a menina-mulher do nosso exemplo, que começou aos 14 anos.

É muito importante o reconhecimento desse ciclo, em ressonância com o ciclo da lua (por isso este satélite é associado com o feminino e o maternal, já nas sociedades mais antigas) para que a mulher possa viver em harmonia com esse "fenômeno" mensal que a liga com o maior potencial da natureza.

Cólicas, dores de cabeça, inchaço no corpo, pernas e mamas, além de alterações de humor são passíveis de serem cuidadas sem a necessidade de suprimir os ciclos, utilizando métodos como correções dietéticas, fitoterápicos e mesmo a acupuntura, como é meu hábito, no consultório.

Alexandre Martin é médico acupunturista com formação em medicina chinesa e osteopatia (xan.martin@gmail.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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