A grande família do organismo

09/12/2022 | Tempo de leitura: 2 min

O que faz de um ser orgânico ser chamado de indivíduo? Algumas vezes a resposta para essa pergunta não é tão óbvia; quando estudamos medicina, desde o primeiro ano da faculdade, nos treinamos a analisar as coisas, ou seja, separá-las em partes para entendê-las cada qual na sua função.

Basta ver que uma das primeiras matérias que marca o início da formação médica ainda hoje é a chamada anatomia, palavra que significa cortar para analisar.

Seria o ser humano somente o conjunto de diferentes sistemas?  É claro que nós temos sistemas cuja função primordial é a integração, como por exemplo sistema neurológico com a sua rede de nervos periféricos e mesmo sistema circulatório que trafega além de sangue e linfa, vários hormônios que têm função de transmitir informações para grupos específicos de células.

No entanto, existe algo mais, mesmo no nível da fisiologia, que caracteriza um Organismo.

Vamos pensar em uma família. Quando o indivíduo responsável por fazer as refeições, em geral "a mãe", assume essa tarefa, ela o faz pensando em todos os outros indivíduos, cada qual com a sua característica.

Mais importante, o produto do trabalho dela representa a todos os outros, da melhor maneira que ela pode executar.

Seguindo o exemplo,a mesa do jantar vai ter o arroz do jeito que o pai gosta, a carne grelhada da filha que está de dieta, como sobremesa o doce que o filho pediu a semana inteira, além de tudo colocado em pouca louça para que não dê trabalho de lavar depois.

Percebe que existe uma ligação no produto do indivíduo com todas as partes que são consideradas componentes de um organismo maior, no caso do nosso exemplo, a família?

Assim também funciona os nossos órgãos e vísceras integrados, segundo a visão da medicina chinesa. Um fígado saudável secreta bile em quantidade e qualidade necessárias para a digestão dos alimentos, que por sua vez foram escolhidos para nutrir o baço e o estômago, trazer calor para o rim, fornecer ferro para formação de hemoglobina que vai carregar a quantidade exata de oxigênio que o pulmão consegue captar e que o coração consegue movimentar.

Nenhuma ação de nenhum órgão ocorre sem que seja levada em consideração as necessidades e limitações de simplesmente todos os outros. O sistema de meridianos e pontos de acupuntura gera um campo energético que tem também por função transmitir essas informações do funcionamento do organismo.

A mente do órgão, que se manifesta no campo energético que o sustenta, é sempre alinhada com todas as outras mentes e esse é o sinal de que o órgão está saudável.

Curiosamente, uma das características de células que podem ser consideradas cancerosas, é que elas trabalham segundo demandas muito diferentes das fisiológicas do próprio órgão onde elas se encontram e mesmo de outros órgãos que solicitam a sua ajuda. Costumo pensar que elas estão resolvendo algo que não vem dos contatos normais dos nervos e sangue.

Alexandre Martin é médico especialista em acupuntura, com formação em medicina chinesa e osteopatia (xan.martin@gmail.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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