Emoção, sentimento e energia

02/12/2022 | Tempo de leitura: 3 min

Será que nossos amados pets, que muitas vezes criamos como membros da nossa família, sentem emoções como nós? Sentimentos, será que eles têm? Qual a diferença entre esses dois elementos?

Um eminente neurologista e neurocientista chamado Antônio Damásio já há alguns anos explorou essa questão do ponto de vista fisiológico e evolutivo.

No seu trabalho ele vê a emoção como sendo uma função biológica de quase todos os seres vivos, mesmo os mais simples. Ele notou que seres microscópicos, chamados planárias, têm reações corporais compatíveis com medo e alegria, mesmo sem terem um cérebro organizado como o nosso.

Podemos considerar então as emoções básicas como o medo, a alegria, a tristeza, o nojo, a raiva, como mecanismos de uma função bem definida: preparar o organismo para algum tipo de desafio mudando toda a sua postura diante do meio ambiente, mesmo antes do sistema nervoso ter consciência disso (ou mesmo antes de um sistema nervoso organizado existir).

Um exemplo: quando eu ganho um presente de surpresa, o sentimento de assombro faz com que eu relaxe a musculatura do meu corpo a ponto de abrir mais a minha boca e arregalar mais meus olhos, abrir minhas mãos e braços para que eu possa receber aquilo que subitamente apareceu e que eu não estava esperando. Essas reações são as mesmas para todos os seres humanos e ocorre mesmo antes do nosso sistema cerebral ter consciência desse fato.

Milésimos de segundo depois meu cérebro analisa a situação e vê que o presente que eu ganhei é, continuando o exemplo, de uma amiga muito querida e eu me lembro de todos os momentos bons que tive com ela para que cheguemos naquele instante específico. Trocar um presente se torna, então, um símbolo da nossa amizade. Tudo isso que aconteceu depois das minhas reações imediatas são o meu sentimento de surpresa, ou seja, o contexto que meu cérebro arranjou para aquelas emoções.

O importante é entender que a emoção é algo espontâneo, natural e próprio de cada célula do nosso corpo, enquanto o sentimento é algo construído a partir dos nossos conhecimentos e da interação daquela emoção com o nosso cérebro.

O que é isso tem a ver com a saúde? Imagine uma pessoa que teve um pequeno infarto do coração porque o Brasil sofreu um gol do time adversário na final da copa do mundo.

Ele poderia muito bem utilizar o raciocínio para entender que o gol sofrido é suficiente para deixá-lo chateado, mas não vale a pena se ferir por isso. No entanto, antes do raciocínio vem a emoção carregada de toda a energia da torcida.

A energia da emoção não tem um controle cerebral; ela ocorre em cada uma das células e sua quantidade sendo grande o suficiente, o sistema endocrinológico libera mais adrenalina do que as artérias coronárias podem suportar gerando uma lesão no miocárdio. Todo esse processo é absolutamente involuntário e sem a participação da consciência lógica da pessoa.

Por isso o balanço energético com acupuntura e exercícios respiratórios é importante para o controle e liberação dessas emoções "armazenadas"

Alexandre Martin é médico acupunturista, com formação em medicina chinesa e osteopatia (xan.martin@gmail.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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