Futebol e emoções

25/11/2022 | Tempo de leitura: 3 min

Aproveitando o clima de Copa do Nundo, podemos utilizar o cenário que está montado para grandes emoções que irão ocorrer para entender um pouco mais sobre o funcionamento emocional e energético do ser humano.

O fígado é um dos órgãos mais afetados pelo destempero emocional, juntamente com a sua víscera acoplada, a vesícula biliar. Isso porque este órgão é assentamento de um centro energético do nosso corpo denominado na medicina chinesa de Hun, cuja possível tradução é "alma etérea" ou "alma errante".

Isso significa que a energia do fígado deve fluir de forma livre e solta, como em um passeio em uma manhã luminosa de verão. Essa condição é necessária para a saúde e o bom funcionamento de todos os outros órgãos, visto que o fígado coordena o "trânsito" da energia pelo corpo todo.

Quando passamos por algum processo emocional mais intenso, seja ele desagradável ou agradável de se sentir (sim, até mesmo os agradáveis), a energia responde a isso acelerando seu fluxo.

Para que você faça uma imagem do que eu estou falando, basta pensar na sensação de quando se encontra diante de uma grande paixão na vida, por exemplo, na vitória da nossa seleção. É uma sensação intensa de estar vivo e conectado com o universo, vendo beleza e graça nas coisas mais simples e cotidianas. É uma alegria sem fim!

Ora, quem sustenta essa sensação dentro da nossa fisiologia é a energia acelerada do fígado. Continuando o exemplo, imagine no momento seguinte onde passamos por uma decepção com o objeto pelo qual nós nos apaixonamos, como o time que não desempenha do jeito que gostaríamos.

Nesse momento a energia se detém no seu ritmo acelerado de uma forma brusca, e a sensação de bem-estar que nós tínhamos nos é retirada rapidamente. Normalmente o que procuramos fazer é esquecer o evento incômodo como se ele fosse mero detalhe e nos atermos nas partes boas do processo que nos acelerava e nos deixava excepcionalmente vivos.

Passamos então instintivamente a procurar aquilo que nos excita e a evitar aquilo que nos detém nos nossos ímpetos. Acontece que esse processo de acelerar e depois frear subitamente a energia é um padrão de adoecimento chamado estagnação de qi (energia) e, com o tempo, se torna difícil de ser superado deixando a pessoa irritada e intolerante ou mesmo melancólica e depressiva de uma forma constante, escrava da busca por um prazer excepcional, que nunca chega.

De uma maneira geral o corpo se defende desses altos e baixos criando uma couraça de insensibilidade no qual a pessoa acaba se tornando refém na própria vida, impactando inclusive no funcionamento e fisiologia de outros órgãos e vísceras, contribuindo para doenças.

O conselho é que mantenhamos o fluxo da nossa emoção de maneira constante, pois fluxos muito intensos são bem agradáveis, mas não são sustentáveis por muito tempo e acabam por consumir a nossa Boa Saúde.

Por isso quando nos entregamos à uma torcida é importante que saibamos modular o nosso sistema nervoso para que ele volte a um estado de calma independentemente do resultado do jogo ser aquilo que esperamos ou não.

Alexandre Martin é médico acupunturista com formação em medicina chinesa e osteopatia (xan.martin@gmail.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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