Da mesma forma que o útero é sujeito a alterações depois da idade reprodutiva passar, a próstata pode sofrer dos mesmos problemas quando o homem começa a envelhecer biologicamente.

Pela medicina chinesa, a próstata e todos os outros órgãos do sistema reprodutivo se localizam em uma região do corpo chamada "aquecedor inferior". Para facilitar o entendimento dessa expressão, basta ter em mente que se trata de um local que abriga os órgãos e vísceras localizados abaixo da linha do umbigo, todos na sua maioria com função de secreção e excreção, ou seja, uma via de saída do nosso organismo.

Por outro lado, tal qual um recipiente que contém líquido misturado com algum outro elemento sólido, o nosso corpo tem a tendência de acumular os elementos que precisam ser secretados na parte mais baixa, como em um processo de decantação.

Uma vez que esses elementos atinjam a parte mais baixa, ou seja, o aquecedor inferior, eles devem ser enviados para fora do nosso organismo.

Com os conhecimentos modernos de fisiologia e bioquímica que temos, reconhecemos que esses elementos que precisam ser secretados são os resíduos de metabolismo que produzimos diariamente, como os radicais livres, células mortas que precisam ser eliminadas e mesmo o resíduos dos alimentos digeridos.

Acaso esse processo não seja bem-feito, esses elementos possuem uma ação tóxica na região onde eles se acumulam, sendo esse o mecanismo de gênese de alterações celulares na próstata, que pela sua localização no aquecedor inferior está sujeita a toxicidade destes acúmulos.

Uma das formas de prevenção às doenças do aquecedor inferior, incluso câncer de próstata, é estimular a circulação sanguínea e energética do local, para que ela retire esses elementos tóxicos e não permita o seu acúmulo.

Acontece que entre os homens ocidentais, por uma questão cultural relacionada ao sentimento de masculinidade, existe uma inibição natural à movimentos que envolvem o quadril. Segundo essa cultura, é importante para a afirmação da masculinidade que o homem não mexa muito o quadril ao andar, seja rígido ao dançar e mesmo evite posições como o agachamento próximo ao solo, como se fossem sinal de feminilidade ou submissão.

O ponto negativo disso é que a circulação da região é pouco estimulada e por isso, homens ocidentais que vivem em meio urbano têm uma incidência maior de patologias do aquecedor inferior quando comparados com homens orientais (não tão sujeitos a esses estigmas) e da zona rural (agacham com maior frequência).

Quando a questão é saúde vale a pena revisar os paradigmas da sociedade sobre a nossa imagem de masculinidade e hombridade.

Alexandre Martin é médico especialista em acupuntura com formação em medicina chinesa e osteopatia (xan.martin@gmail.com)