E depois de morrermos?

04/11/2022 | Tempo de leitura: 3 min

Estamos em uma semana cuja tônica é o processo de passagem dessa vida e a comunicação com inteligências do além-vida. Aproveito então a oportunidade para compartilhar a visão da medicina chinesa sobre esse processo.

Como já falei e é do conhecimento de muitos, a filosofia que rege a medicina chinesa não vê a matéria física de forma diferente à energia: os dois são extremos opostos de um mesmo complexo, o contínuo transformar de matéria em energia e vice-versa.

Importante ressaltar que esse processo de transformação possui vários estágios, não se trata apenas de transformar uma forma mais densa de matéria em uma forma mais leve, mais sutil de energia.

Vamos imaginar uma escala de cores que vai do vermelho puro até o amarelo puro. Entre estes dois extremos, temos vários tons de laranja, de diversas matizes e brilhos diferentes entre si, enquanto as duas cores primárias se misturam.

Dessa forma, o nosso campo energético, que envolve nosso corpo físico, o sustenta e integra, coordenando suas diferentes funções e percepções do meio, não é composto somente de um tipo de energia. Existem energias mais afinadas com a própria energia do planeta Terra e energias mais afinadas com as energias chamadas "cósmicas" , ou seja, aquelas que vêm de fora do planeta.

Acredita-se que o espírito (em chinês: Shen) se prende ao corpo, que é composto de matéria própria do planeta, comando-o como um motorista que comanda um automóvel, por exemplo. Quando "morremos" se trata somente do processo em que o Shen irá deixar de "dirigir" o corpo que estava para continuar sua jornada em outros "lugares".

Neste momento, formas de energia mais relacionadas com a Terra, com os elementos materiais e que tem mais relação com as percepções dos cinco sentidos, intelecto e raciocínio retornam ao planeta, seguindo a matéria física do corpo. Esse grupo energético é mais relacionado com o órgão pulmão e é chamado de "alma corpórea" (ou Po nos clássicos chineses)

Outro grupo de energia é mais relacionado com o cosmo e as estrelas segue o Shen na sua jornada nos pós vida, se despregando da densidade da Terra. Chamamos esse grupamento de "alma etérea" (em chinês Hun) e está particularmente relacionado com a energia do fígado, com a vontade de viver e a "garra" que temos para vencer os desafios da vida.

Esses "corpos" energéticos têm sua influência no decorrer da vida, se alternando no comando do corpo físico, fazendo uma interface de comunicação do que é puramente energia (espírito) com o que é puramente matéria (corpo físico)

Se a alma corpórea predomina nesse papel, o humor do indivíduo fica mais denso, pesado, relacionado com a terra e um pouco triste. Quase que um estado como o que conhecemos como "depressão", nos dias de hoje.

Acaso a alma etérea predomine, o humor do indivíduo é o oposto, ele fica agitado, agressivo e algumas vezes violento na busca constante de satisfação dos seus muitos desejos, algo que chamamos de "mania" na psiquiatria moderna.

Quando morremos, porém, esses dois se separam definitivamente e seguem para as suas origens, no planeta e fora dele.

Alexandre Martin é médico acupunturista com formação em medicina chinesa e osteopatia (xan.martin@gmail.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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