Em dado momento, onde eles se encontravam em local mais íntimo, o ator exclama:

- Eu te amo!

A atriz, já sob efeito de algum vinho que ingeriu para suportar a situação, faz uma cara de estranheza e responde:

- Ora, Obrigada!

- Não era bem essa a resposta que eu esperava - disse o ator com cara de decepcionado.

- MUITO Obrigada?!? - Tentou emendar a atriz, com cara de desconsertada.

Piadas à parte, o filme explora um fato do cotidiano no nosso sistema energético, com repercussões no nosso corpo e saúde. Trata-se do tráfego de energias pelas vias adequadas.

Na cena, o personagem do ator queria intensificar o seu relacionamento com a personagem da atriz transmitindo grande quantidade de energia romântica para ativar canais e centros energéticos na parceira, tornando-a cada vez mais ressonante e permeável às suas intenções. Ele faz isso não somente pelo sutil e invisível, mas também pela sua linguagem corporal e expressão verbal, como vimos.

Agora, a personagem da atriz se faz de desentendida e tenta trafegar a energia recebida, romântica, pela via de relacionamento social e de cordialidade, com resultado cômico.

A energia carrega consigo uma intenção, muitas vezes uma função, que faz com que ela fique ressonante com as estruturas que serão afetadas por ela.

Tentar trafegar uma energia inadequada pelo nosso sistema produz efeitos que não são agradáveis e terminam com rejeição e desgaste das vias e do corpo.

Quando se desenvolve um ideário romântico e de carinho por uma pessoa, mobiliza-se uma parte da energia do próprio organismo em centros energéticos de órgãos como o coração (sentimento romântico, de união), o fígado (entusiasmo, alegria de estar junto), os rins e glândulas correlatas, como genitais (desejo e erotismo), dentre outros.

Quando entramos em contato com o ser amado, nossos canais acoplados a esses órgãos procuram irradiar e trafegar pelos canais do outro todo o romantismo, desejo e alegria. Caso o acesso seja negado (como foi) a energia não tem outra alternativa senão voltar para onde veio, onde gerará processos de estagnação de energia (manifesta no sentimento de decepção).

Uma vez estagnada essa energia deve ser eliminada, do contrário ela fará estragos no organismo se transformando em outras formas energéticas deletérias capazes de gerar emoções e sentimentos como raiva, tristeza, angústia e mesmo insegurança de se lançar em outro relacionamento.

As repercussões, em seguida, podem ser orgânicas, como dores de cabeça, gastrites, diarreias, tremores nas mãos, palidez e tontura. Todos esses como uma tentativa do organismo para eliminar a energia excedente e sem finalidade.

Então o conselho é que antes de mobilizar as energias, verifiquemos se elas terão trânsito livre até os nossos objetivos, do contrário teremos que lidar com elas depois.

Dr. Alexandre Martin é médico especialista em acupuntura e com formação em osteopatia e medicina chinesa.