O BRICS, bloco econômico que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de novos integrantes como Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irã e Indonésia, está prestes a lançar uma ferramenta que pode redefinir o comércio internacional: o BRICS Pay.
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Desenvolvido com tecnologia blockchain e capaz de processar até 20 mil transações por segundo, o sistema permitirá que operações comerciais sejam feitas diretamente nas moedas locais — como real, yuan e rúpia — sem a necessidade de conversão para o dólar. A iniciativa busca transações rápidas, seguras e de baixo custo, conectando bancos centrais e instituições financeiras dos países membros.
O sucesso do Pix, lançado pelo Banco Central do Brasil em 2020 e que movimentou R$ 7 trilhões apenas no primeiro trimestre de 2025, foi decisivo para a criação do BRICS Pay. O modelo brasileiro inspirou a adaptação de pagamentos instantâneos ao cenário global, com foco em comércio exterior e integração financeira.
O BRICS Pay nasce com objetivos claros: reduzir a dependência do dólar nas transações, fortalecer a autonomia econômica frente a sanções, ampliar a competitividade das exportações e facilitar o comércio interno do bloco.
A proposta, porém, provoca desconforto no Ocidente. Nos Estados Unidos, autoridades enxergam o sistema como ameaça direta à supremacia da moeda americana, responsável por 84% das operações globais. O ex-presidente Donald Trump chegou a sugerir tarifas de até 100% para países que abandonarem o uso do dólar.
Para o economista russo Sergey Glazyev, a plataforma é um marco para o Sul Global, abrindo caminho para um sistema financeiro menos vulnerável a bloqueios.
O BRICS Pay pretende integrar as redes de pagamento instantâneo já existentes em cada país, como o Pix (Brasil), SBP (Rússia), UPI (Índia), IBPS (China) e PayShap (África do Sul). Essa conexão permitirá transações em tempo real, fortalecendo o comércio intrabloco e ampliando oportunidades para exportadores e importadores.
Estudos projetam que, até 2030, o BRICS Pay poderá movimentar centenas de bilhões de dólares anuais, competindo com o sistema SWIFT. No entanto, a iniciativa enfrenta desafios significativos, como a unificação de padrões tecnológicos, alinhamento tributário e pressões políticas externas.
Com a presidência rotativa do BRICS prevista para 2026, o Brasil terá papel estratégico na consolidação dessa plataforma e no fortalecimento de sua imagem como referência mundial em soluções de pagamento digital.