Com um senso de humor cativante e memórias que atravessam mais de um século, Nedino Peroni, morador do Jardim Paulistano I, em Franca, celebra nesta quinta-feira, 9, seus 104 anos ao lado da família.
Nedino nasceu em Franca no dia 9 de janeiro de 1921, mas sua certidão de nascimento registra Ibiraci (MG), conforme certidão abaixo. Isso porque, logo após seu nascimento, seus pais se mudaram para uma área rural na cidade vizinha. Ele retornou a Franca em 1969, já acompanhado de seus filhos.
Durante sua vida, Nedino trabalhou em grande parte em lavouras de café. Entretanto, seu verdadeiro sonho era o futebol. Corinthiano roxo, ele jogava bola desde pequeno e afirma que era habilidoso. Infelizmente, seu sonho foi interrompido por uma perna quebrada:
"Ele veio correndo de lá assim, eu estava jogando e ele pulou na minha perna. Um carrinho mesmo. Já deu um salto na minha perna", relatou Nedino.
Os filhos Valter, 77 anos, e Valmir, 66 anos, (foto abaixo), deram mais detalhes sobre essa história, visto que, devido à idade avançada, seu pai não consegue se lembrar de tantos pormenores: "Quando ele foi casar de novo, eles quebraram a perna dele lá, aí o pessoal que morava na fazenda teve que ajudar no serviço que ele tinha para fazer, né? Porque ele não tinha como trabalhar", acrescentou Valter.
Mesmo assim, segundo os filhos, o futebol, especialmente o Corinthians, continuou sendo sua maior paixão:
"Ele fala mais do futebol. (...) E corinthiano! Ensinou todos os filhos a serem corinthianos. Ele tem quatro camisas [do Corinthians], tira uma, toma banho e coloca outra. Ele ganha muita camiseta, porque o povo sabe que ele gosta", relataram os filhos.
Casado há 68 anos, Nedino conheceu sua esposa, Alvarina Lemes Peroni, 89 anos, em Pedregulho, após ficar viúvo (foto abaixo). Sua primeira esposa, Geralda Bernadini Peroni, faleceu em decorrência de uma doença sem tratamento na época. Com Geralda, ele teve quatro filhos; com Alvarina, teve mais três. Quatro da primeira mulher dele, aí ficou viúvo, e três da minha mãe. Eu e mais dois irmãos", contou Valmir.
Após retornar a Franca, seu Nedino abriu um bar no bairro Boa Esperança, próximo à Escola Estadual Dr. João Marciano, onde trabalhou entre 8 e 10 anos ao lado de um de seus filhos. Ele permaneceu no negócio até se aposentar.
Hoje, aos 104 anos, Nedino leva uma vida tranquila. Apesar da fraqueza nas pernas, ele conta que gosta de caminhar até o lado de fora de sua casa, sentar e observar o movimento das pessoas: "Minha perninha é fraca. Eu ando de bengala e tudo, mas ando. Vou lá até o portão, sento lá, depois vou para dentro. (...) Sento lá assim para não ficar só aqui dentro, né? Aí aproveito que 'tô' lá e vejo as meninas, as meninas passam lá e proseiam um pouquinho comigo lá", disse Nedino. Seus filhos destacam que a maior lição que aprenderam com o pai foi sobre honestidade:
"Nunca vi alguém ser honesto desse tanto. Eu sou igual a ele. Por exemplo, ele ficava devendo à moça do caixa do mercado, 10 centavos, no dia seguinte ele chegava lá com os 10 centavos. A maior lição é ser trabalhador e ser honesto", concluiu Valter.
Concluindo, Nedino compartilhou seu segredo para chegar a essa idade de forma saudável e ativa, sem deixar de lado o bom humor:
"Trabalhar. Tem que trabalhar bastante. Não pode beber nem fumar e tem que trabalhar. Se for corinthiano então, vai muito mais longe", brincou o senhor.
Seu Nedino celebrará seu aniversário com muita alegria, ao lado de familiares e amigos, no próximo domingo, 12, em uma chácara de conhecidos. Ele espera que essas comemorações se repitam por muitos anos.
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