São 200 anos de história. Franca sempre teve uma economia destacada em vários setores, principalmente no setor calçadista. Conhecida como um dos principais polos dessa atividade, a ligação histórica com a produção de calçados começou ainda no século XIX, quando a cidade passou a se destacar na produção artesanal de sapatos, principalmente em couro. Ainda hoje, o setor é uma fatia importante na economia da cidade, na geração de emprego e renda.
No auge do setor, em 2013, a capacidade instalada era de 60 milhões de pares de calçados e um faturamento de 9,6 bilhões de dólares. De acordo com a estatística, a previsão para 2024 é uma média de 41 milhões de pares de calçados a serem produzidos e um faturamento de 6,5 bilhões de dólares.
Ao longo do tempo, Franca se especializou na produção de calçados de alta qualidade, especialmente os masculinos, incluindo sapatos sociais, botas e outros tipos, abrigando diversas indústrias e marcas reconhecidas nacional e internacionalmente.
Inicialmente, as produções eram bem simples e atendiam à demanda local, com artesãos trabalhando em pequena escala para fornecer calçados para a própria comunidade e arredores. Com o passar dos anos, a prática foi se consolidando, e alguns artesãos começaram a se especializar na produção de calçados masculinos.
Isso se intensificou por volta do final do século XIX e início do XX, quando as técnicas de curtimento de couro e confecção de sapatos passaram a ser transmitidas de geração para geração, criando uma cadeia de profissionais qualificados.
No início do século XX, com a urbanização e o crescimento populacional, a demanda por calçados cresceu e Franca começou a ampliar sua produção atraindo mais artesãos e investidores. Esse crescimento transformou as pequenas oficinas familiares em fábricas, e o setor calçadista passou a se consolidar como o motor econômico da cidade.
Com o crescimento, a expansão do número de fábricas e aumento da produção local nas décadas de 1950 e 1960, foi inevitável o reconhecimento da categoria. O setor ganhou ainda mais força a partir dos anos 1970, com a modernização das fábricas e ganho tecnológico. Nomes de fábricas como Samello, Sândalo, Paragon, Agabê (HB), Francano, Jacometi, Kissol, Palermo, M2000, Charme e Terra, são lembrados pelas pessoas do ramo. A criação de associações e sindicatos representando a indústria local também colaboraram para a organização da atividade.
Paulo Coelho, proprietário da Mariner, está em atividade em Franca há quase quatro décadas em uma das indústrias que mais emprega na cidade, diz ter orgulho de ser sapateiro. “São 38 anos contribuindo para a história de Franca. Tudo que conseguimos foi com sapato e temos orgulho de ser sapateiro. A cidade tem outros segmentos, mas tudo que a gente pensa é em relação ao calçado”.
O presidente do SindiFranca (Sindicato da Indústria de Franca) destaca a importância da atividade calçadista para a história da cidade, lembrando que sua família mora em Franca há mais de 100 anos. “Franca é uma cidade extraordinária, exemplo para o Brasil e para o mundo. Temos que divulgá-la além de nossas fronteiras, sua importância no cenário nacional e internacional”.
Eventos e tecnologia
As feiras e eventos nacionais de calçados - a Francal foi a maior feira do setor - começaram a atrair compradores de todo o Brasil e até do exterior, consolidando Franca como um importante polo do setor.
Esse reconhecimento veio também pelo volume de produção: a cidade se tornou uma das maiores produtoras de calçados do Brasil, o que fortaleceu sua economia e gerou empregos para grande parte da população.
Desde então, Franca é reconhecida como a "Capital do Calçado Masculino", título que simboliza não só a importância econômica do setor para a cidade, mas também seu impacto cultural e social.
Ao longo de boa parte do bicentenário de Franca, os sapatos produzidos na cidade são comercializados no Brasil e em vários países ao redor do mundo.
Inicialmente, a produção atendia principalmente o mercado interno, abastecendo grandes centros como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, e posteriormente começou a se destacar como exportadora, especialmente de calçados masculinos de couro de alta qualidade. Hoje, os sapatos de Franca são exportados para países das Américas, Europa e até da Ásia, com destaque para os Estados Unidos, que é o maior comprador.
A qualidade dos produtos, combinada com o design e o conforto, fez com que os calçados de Franca fossem reconhecidos internacionalmente. Além das exportações diretas, muitos dos calçados são vendidos em plataformas de e-commerce e em grandes redes de lojas, o que ajuda a expandir ainda mais o alcance dos produtos da cidade.
Fale com o GCN/Sampi!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.