O programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) segue puxando o crescimento do setor imobiliário no Brasil. Dados do terceiro trimestre de 2024 divulgado nesta segunda-feira (18) pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) indicam alta de 31,8% nos lançamentos (47.525 unidades) em comparação com o mesmo período do ano passado, respondendo por 50% dos lançamentos totais do mercado. A entidade afirma que o setor caminha para um ano excepcional.
Em número de vendas, a participação do programa no setor passou de 36% terceiro trimestre do ano passado para 44% neste ano. Foram 46.142 unidades, uma elevação de 46,9% em relação ao período de 2023. Para o conselheiro e economista da CBIC, Celso Petrucci, o resultado é uma resposta rápida do setor aos ajustes feitos no programa federal de habitação em julho do ano passado.
O Indicador de Confiança do Setor Imobiliário Residencial, da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) e da Deloitte, também registra alta de 10,1% no índice de procura e de 9,2% no de vendas no terceiro trimestre de 2024 do segmento residencial econômico, frente ao trimestre anterior.
Apesar do desempenho expressivo, a CBIC diz que esses resultados podem não se sustentar em 2025 se o orçamento do FGTS previsto para habitação sofrer perdas e se houver um desequilíbrio fiscal das contas públicas.
Petrucci afirma que o corte de gastos a ser anunciado pelo governo federal terá impacto relevante sobre o mercado imobiliário, já que a credibilidade do governo afeta a taxa de juros futuros, que dita a taxa final do crédito imobiliário. "É muito importante que o compromisso fiscal do governo sinalize para o pais a manutenção ou a queda dos juros futuros", diz.
No total, considerando também os produtos de médio e alto padrão, houve crescimento de 20,1% no número de lançamentos comparação com o mesmo período de 2023, segundo dados de 221 cidades brasileiras reunidos pela CBIC. Já o número de vendas bateu recorde para um período desde 2016, quando o levantamento da CBIC começou a ser feito, com alta de 20,8%, somando 105.921 de imóveis novos.
A entidade afirma que o crescimento foi registrado em todo o país.
A pesquisa Indicadores Imobiliários Nacionais do 3º Trimestre de 2024, realizada pela CBIC em parceria com a Brain Inteligência Estratégica, mostra ainda que o tempo de escoamento para os imóveis que estão disponíveis é de 8,7 meses, em comparação com 11,2 meses no mesmo período de 2023.
Preços em alta
Pesquisa da Abrainc-Deloitte com 57 empresas do mercado imobiliário entre 2 a 18 de outubro deste ano indica que os preços de imóveis residenciais subiram 5,5% no MCMV, no terceiro trimestre, impulsionados especialmente pelos custos de construção e pela valorização do metro quadrado nos principais centros.
No segmento de médio e alto padrão, a alta do indicador foi de 3,5%. A média no geral foi de 4,7% a mais no período. Segundo Rafael Camargo, diretor da prática de Real Estate da Deloitte, esse cenário de alta tende a continuar. No MCMV, diz, o crescimento é impulsionado pela forte demanda por moradia popular e pelos subsídios governamentais. Enquanto os demais seguem cautelosos diante do aumento dos juros e consequentemente o encarecimento do crédito.
A CBIC diz que as margens do setor tendem a se apertar ainda mais devido à pressão de custos, sobretudo devido à elevação de mão de obra, dada a situação geral da escassez de trabalhadores qualificados.
Para Luiz França, presidente da Abrainc, o principal desafio do setor é reduzir o custo do funding para ampliar o acesso à habitação e impulsionar a geração de empregos.
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