ECONOMIA

Alta de alimentos afeta consumo; fim do ano deve ter estabilidade

Por Nathália Sousa |
| Tempo de leitura: 3 min
Evandro Souza / Flickr
A refeição do brasileiro ficou mais cara e a vilã do momento é a proteína, que tem subido nas últimas semanas
A refeição do brasileiro ficou mais cara e a vilã do momento é a proteína, que tem subido nas últimas semanas

O fim do ano se aproxima, época em que o consumo costuma aumentar, principalmente por causa do consumo de alimentos, mas há uma alta de preços no Brasil que pode fazer com que esse consumo seja afetado. Entre outros itens, as carnes subiram 5,8% em outubro. E, junto com os alimentos, a energia elétrica desenvolveu papel no aumento da inflação do último mês.

Em outubro, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o aumento de preços no Brasil foi de 0,56% no geral. Com isso, a meta de inflação em 12 meses, que era de 4,5%, foi batida e o índice chegou a 4,76%. Essa alta, entre elevações e quedas de preços, se deve a alguns produtos. No mês passado, o aumento nos preços de carnes foi de 5,81% e, em 12 meses, chega a 8,33%.

Consumo de proteína abalado

Segundo o Índice de Preços dos Supermercados (IPS), levantamento feito pela Associação Paulista de Supermercados (Apas), no ano, as maiores altas de preços foram dos produtos semielaborados (7,04). Nesta categoria, há destaque para as carnes e o leite. Essa alta vem de forma mais significativa a partir de setembro, porque em agosto houve queda de preços dos semielaborados.

O preço da carne bovina ao consumidor final apresentou inflação de 3,16% em setembro, a maior taxa da série histórica desde dezembro de 2020. Em 12 meses, o aumento foi de 4,26%, com destaque para o contrafilé, que subiu 9,36%. Já a carne suína, em setembro, teve inflação de 2,92%, menor que em agosto (4,69%), mas ainda puxando a alta de 11,13% no acumulado de 12 meses. Já o leite volta a subir após quedas por dois meses. Em setembro, o preço do leite aumentou 1,33%, e 16,66% no acumulado de 12 meses.

Segundo o IPS, as recentes queimadas têm devastado regiões agrícolas cruciais, como o Norte, Centro-Oeste e interior de São Paulo, agravando os impactos nas culturas locais. A intensificação dos eventos climáticos extremos, como secas prolongadas e precipitações intensas, também afeta a produção global de alimentos, incluindo vinhedos, olivais e plantações de café.

E o fim do ano?

Economista, Messias Mercadante acredita que a alta das carnes não vá continuar até as festas do fim de ano. "O maior parceiro comercial do Brasil é a China, é para onde vai a maior parte dos alimentos exportados. Na China, a inflação é de menos de 1%, o governo vai liberar US$ 1,5 bilhão para a população para incentivar o consumo, que caiu, então a exportação brasileira tende a ter estabilidade e possível queda. Não será a exportação de carnes que vai influenciar o preço doméstico", comenta ele sobre a possível alta de preços por causa da elevação do dólar.

Segundo Mercadante, as altas nos alimentos são questões pontuais. "Tem alimentos que irradiam os preços em cadeia, mas não costumamos ter isso no Brasil. Passamos por secas e queimadas, mas as chuvas voltaram, então as produções de alimentos devem se normalizar, sem pressão inflacionária para o consumo do fim do ano."

O economista avalia ainda que a  situação econômica do país tem refletido na desvalorização da moeda, mas isso pode melhorar. "Infelizmente, a política do governo induz à retração da entrada de moeda do exterior. Mais sai do que entra dólar, então a moeda desvaloriza. No momento, temos a safra de pêssego e uvas em breve, então não vejo problema maior de pressão inflacionária no fim do ano. O governo está para anunciar medidas de redução de gastos, então haverá descompressão na baixa do real e pode ajudar."

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