O mês que dá nome ao movimento internacional Outubro Rosa está chegando em sua reta final, provavelmente sem que a campanha em Bauru alcance seu objetivo. Além de conscientizar sobre a importância do controle do câncer de mama, ela visa proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e tratamento, contribuindo para a redução da mortalidade de mulheres.
Porém, em apenas um ano, a fila de espera por procedimentos relativamente simples como uma mamografia ou ultrassom de mamas só aumentou. Até o final de setembro, 4.599 pacientes que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) aguardavam na fila de espera por ultrassom de mamas, quantia 23% maior que as 3.727 registradas no mesmo mês de 2023.
Da mesma forma, havia 1.953 mulheres precisando de mamografia (diagnóstica ou de rastreamento) no mês passado, mais que o triplo das 581 moradoras na mesma situação há um ano. Para se ter ideia, atualmente, uma moradora da cidade que apresenta alguma anomalia na mama ou mamilo, como caroço, ondulação ou alteração no pigmento da pele, pode ter de esperar mais de dois anos para ter acesso a uma mamografia diagnóstica.
Os dados constam no Cadastro de Demanda por Recursos de Saúde (CDR) de residentes de Bauru, disponibilizado pela prefeitura. A planilha engloba a fila por exames, além de evidenciar o número insuficiente de vagas oferecidas pelas redes municipal e estadual e o tempo em que os pacientes, em média, poderão aguardar para ter acesso aos serviços.
Na lista, consta zero vaga para ultrassom de mamas, pélvico e transvaginal, mas segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES) a oferta é dada na agenda de ultrassonografia geral. Os atendimentos são realizados na Maternidade Santa Isabel, Hospital Estadual e Centro de Diagnóstico por Imagem de Bauru (CDIB), este último sob responsabilidade do município.
Aumento da fila
No ano, a perspectiva é de oferta de 7.863 vagas, sendo que só de ultrassom transvaginal a demanda é de 13.575 pacientes. O número, quando somado à fila para ultrassonografia geral, pélvica e de mamas, chega a 29.509 pessoas, mais que o triplo do volume de atendimentos ofertado.
E a quantidade de mulheres sem a devida assistência cresceu significativamente em apenas um ano, enquanto a de vagas permaneceu inalterada. Em setembro de 2023, por exemplo, 11.477 mulheres precisavam de ultrassom transvaginal. O contingente, quando somado ao que aguardava por ultrassom pélvico, de mamas e geral, era de 21.442 pessoas.
Em nota, a SES informou que a porta de entrada do SUS é nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), administradas pelo município, responsável pelo acompanhamento dos pacientes, que os encaminha, quando necessário, aos serviços especializados estaduais.
"Além disso, o agendamento das mamografias do Programa Mulheres de Peito, do Governo de São Paulo, pode ser solicitado com a ajuda do aplicativo PoupatempoSP.gov.br, que direciona as ligações para o telefone 0800 da Central de Regulação de Oferta de Serviços", completa.
Saúde municipal diz que ampliará oferta
A Prefeitura de Bauru,por meio da Secretaria Municipal de Saúde, informou em nota que mantém diálogo permanente com a Diretoria Regional de Saúde (DRS-6) para a ampliação da oferta de consultas e examese atribuiu ao Estado a responsabilidade pelacontratação e disponibilização destes serviços.
Frisou, contudo, que realiza ações de maneira suplementar aos serviços estaduais, como consultas na Policlínica e Ambulatório Médico de Ortopedia (AMO), em especialidades como oftalmologia, endocrinologia, ortopedia, psicologia, psiquiatria, cardiologia, gastroenterologia e vascular, com previsão de ampliação da oferta, conforme a demanda.
Em relação aos exames, a pasta cita queampliouserviços de ultrassons, mamografia, raio-X e tomografia, serviços de ultrassom obstétrico e doppler. "Por fim, Bauru está com processo de licitação para o credenciamento e contratação de empresa ou organização com profissionais habilitados para a realização de consultas especializadas e exames de imagens especializados, que poderão contribuir para a redução da fila de espera", conclui.
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