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É preciso treinar a mente como se exercita o corpo


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A saúde emocional é negligenciada, muitas vezes, por desconhecimento das consequências que podem ser geradas
A saúde emocional é negligenciada, muitas vezes, por desconhecimento das consequências que podem ser geradas

Corpo são, mente sã. Nem sempre. É preciso exercitar ambos, na mesma intensidade para alcançar o equilíbrio. Mas esta não é uma equação fácil para muita gente.

Isto porque a saúde emocional é negligenciada, muitas vezes por desconhecimento das consequências que podem ser geradas. Não saber lidar com as emoções é mais comum do que se possa imaginar.

"Não se relacionar com emoções negativas pode levar ao acúmulo de estresse e ao desenvolvimento de transtornos psicológicos, como ansiedade e depressão", alerta a psicóloga Karina Marcuci (foto no final), que traz mais detalhes sobre o assunto na entrevista abaixo.

Por que ninguém nos ensina a cuidar das emoções?

A educação tradicional tende a focar em habilidades cognitivas e conhecimentos técnicos, muitas vezes negligenciando a educação emocional, que é igualmente essencial para o bem-estar geral. A inteligência emocional é fundamental para o sucesso pessoal e profissional, pois envolve a capacidade de reconhecer, compreender e gerenciar nossas próprias emoções e as dos outros. A psicologia sugere que o desenvolvimento emocional pode ser tão importante quanto o desenvolvimento intelectual, pois emoções mal geridas podem impactar negativamente o cérebro, afetando a memória e a capacidade de tomar decisões. Ao priorizar a educação emocional, podemos melhorar não apenas nosso bem-estar individual, mas também nossas interações sociais e profissionais.

Qual o resultado para quem não se relaciona com a angústia, o medo, a dor, a saudade, a tristeza?

Não se relacionar com emoções negativas pode levar ao acúmulo de estresse e ao desenvolvimento de transtornos psicológicos, como ansiedade e depressão. A psicologia demonstra que evitar emoções pode resultar em uma "bomba-relógio" emocional, onde sentimentos reprimidos eventualmente se manifestam de maneira prejudicial. Além disso, a neurociência indica que reprimir emoções pode aumentar o estresse e afetar a saúde física, contribuindo para problemas como hipertensão e distúrbios do sono. A psicologia positiva propõe que aceitar e processar emoções é crucial para o crescimento pessoal e satisfação, pois permite uma compreensão mais profunda de si mesmo e promove resiliência.

De que forma é possível aprender a lidar com as emoções depois de adulto?

A terapia, especialmente a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), pode ajudar a identificar e modificar padrões de pensamentos disfuncionais.

Mindfulness e Meditação: Essas práticas promovem a aceitação e a consciência plena das emoções, ajudando a regular respostas emocionais.

Educação Contínua: Participar de workshops e ler livros sobre inteligência emocional pode fornecer novas ferramentas e perspectivas.

Feedback Social: Conversar com amigos ou participar de grupos de apoio podem oferecer insights valiosos e validação emocional.

Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): Ajuda a identificar e modificar padrões de pensamento negativos.

Psicologia Positiva: Foca no desenvolvimento de forças pessoais e resiliência.

Hipnoterapia: Pode ajudar a acessar e reestruturar emoções subconscientes.

Por que é importante aceitar e viver cada sentimento?

Aceitar e viver emoções é crucial para o bem-estar emocional e mental. A psicologia positiva sugere que aceitar emoções, em vez de reprimi-las, leva a uma vida mais autêntica e satisfatória. Esse processo de aceitação permite o processamento e a integração das experiências, promovendo resiliência e crescimento pessoal. Técnicas como a autocompaixão podem ajudar nesse processo, incentivando uma abordagem gentil e compreensiva com as próprias emoções. A psicologia positiva enfatiza que viver plenamente as emoções, tanto positivas quanto negativas, contribui para uma vida autêntica e significativa. Desta forma, as pessoas podem se conectar verdadeiramente consigo mesmas e com os outros.

Existe alguma vantagem em reprimi-los?

Embora a repressão emocional possa proporcionar alívio temporário, a psicologia mostra que, a longo prazo, isso pode levar a problemas de saúde mental e física. Reprimir emoções pode aumentar o estresse e impactar negativamente a saúde cardiovascular. Em vez disso, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) sugere que enfrentar e processar emoções é mais benéfico a longo prazo, pois ajuda a evitar consequências negativas, como o aumento do estresse e problemas de saúde mental. Aprender a expressar emoções de maneira saudável, por exemplo, através da arte ou do exercício físico, pode ser uma alternativa mais vantajosa, promovendo o bem-estar geral e a resiliência emocional.

Existe alguma maneira mais confortável de aceitar cada sentimento?

Para aceitar e lidar com as emoções de maneira mais confortável, várias abordagens podem ser adotadas, cada uma com seus benefícios específicos. Práticas de mindfulness ajudam a observar emoções sem julgamento, promovendo a aceitação e uma compreensão mais clara dos sentimentos. A expressão criativa, através da arte, música e escrita, oferece formas seguras e confortáveis de explorar e expressar emoções, permitindo que se processe o que se sente de maneira construtiva. Técnicas de relaxamento, como respiração profunda e visualização guiada, são eficazes para acalmar o sistema nervoso e facilitar a aceitação emocional, criando um espaço mental mais tranquilo para lidar com sentimentos difíceis. A autocompaixão desempenha um papel crucial, incentivando uma atitude de gentileza consigo mesmo, o que torna mais fácil aceitar e processar emoções difíceis sem autocrítica excessiva. Além disso, a hipnoterapia pode ser uma ferramenta útil para facilitar a aceitação de emoções em um estado relaxado e seguro, ajudando a acessar e reestruturar sentimentos subconscientes. Essas abordagens, quando combinadas, podem ajudar a desenvolver uma relação mais saudável com as emoções, promovendo bem-estar e resiliência emocional.

Psicóloga Karina Marcuci (crédito: Divulgação)
Psicóloga Karina Marcuci (crédito: Divulgação)

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