CRIME ORGANIZADO

Banco do PCC usa R$ 8 bi para bancar políticos; Ubatuba era alvo

Por Da redação | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação / Polícia Civil
São José foi alvo de operação da polícia contra financiadores do PCC
São José foi alvo de operação da polícia contra financiadores do PCC

A Polícia Civil investiga um esquema criminoso que movimentou R$ 8 bilhões por meio de um "banco do crime" e mais 19 empresas para apoiar candidaturas em cidades de São Paulo. A história foi revelada pelo UOL.

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Os valores eram movimentados por membros da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) para financiar campanhas, segundo as investigações. Um dos alvos da facção era a cidade de Ubatuba, com a tentativa de emplacar uma candidata financiada pelo crime.

Segundo o delegado responsável pela investigação, Fabrício Intelizano, da delegacia de Mogi das Cruzes, os valores beneficiaram ao menos três candidatos em Mogi das Cruzes, Ubatuba e Santo André.

A investigação bloqueou movimentações financeiras suspeitas realizadas entre 20 empresas. Entre elas, está um banco, semelhante a uma fintech, com sede na cidade da Grande São Paulo. A instituição foi criada, segundo a polícia, por membros do PCC para lavar dinheiro e financiar candidaturas nas eleições.

A operação começou a partir de investigação de tráfico de drogas e levou a bloqueio de bens e valores. Em junho de 2023, a Polícia Civil de Mogi das Cruzes teve acesso ao celular de Fabiana Lopes Manzini, casada com Anderson Manzini, apontado como membro antigo do PCC. Segundo o delegado, Manzini integrava um grupo de sequestradores que atuava em diversas cidades paulistas.

Fabiana também é apontada pela polícia como integrante do PCC. Com o marido preso desde 2002, ela estava à frente dos negócios ilícitos no tráfico, segundo a polícia. Fabiana conversava com João Gabriel de Mello Yamawaki, primo de Anderson, para receber orientações sobre os candidatos que receberiam apoio. O UOL tentou ouvir os citados, mas não conseguiu localizá-los.

Yamawaki era um dos integrantes do núcleo financeiro do PCC, aponta a investigação. O núcleo era apelidado de "câmbio" entre os integrantes da facção. A investigação aponta que Yamawaki tinha interesse em eleger vereadores nas cidades paulistas. Nos próximos dias, a polícia de Mogi das Cruzes quer ouvir Anderson. "Ele é o elo central", diz o delegado.

Ubatuba.

Em Ubatuba, mensagens apreendidas apontam que Yamawaki tentou indicar uma irmã para se lançar candidata a vereadora. "O objetivo é conseguir se infiltrar por meio de contratos e licitações. São pessoas de interesse do PCC para fazer articulações políticas e econômicas em benefício da facção", afirmou Intelizano.

Segundo ele, o PCC tem especial interesse em se infiltrar na vida política das cidades do Litoral Norte em razão do Porto de São Sebastião e a proximidade da região com porto no Rio de Janeiro.

“O PCC tem demonstrado interesse em se infiltrar em Ubatuba. Com maior presença da polícia no porto de Santos, o crime organizado tem migrado suas atividades para São Sebastião, dada a proximidade com o Porto de Itaguaí, no Rio de Janeiro, e pelo fato de ter aeroporto próprio”, disse o delegado Intelizano.

No total, a operação apontou 32 investigados, sendo seis deles com relações diretas com o banco do PCC. Os demais teriam relações com o tráfico: seriam mulheres de pessoas presas e integrantes da facção. O banco reúne dez empresas e seis pessoas investigadas.

A investigação detectou que o grupo com membros do PCC se articulou para se infiltrar na administração pública há pelo menos um ano. As conversas de Fabiana com Yamawaki, monitoradas pela polícia, tiveram início em agosto de 2023.

Segundo o delegado, o celular de Fabiana abriu possibilidade de investigação. "Quando pegamos a conversa do João Gabriel com ela foi possível perceber que eles já estavam se articulando para lançar candidatos", afirmou. "Na mesma conversa, já lançaram os nomes dos três”.

Operação.

No começo de agosto, a Polícia Civil cumpriu 20 mandados de prisão e 60 mandados de busca e apreensão contra pessoas ligadas ao PCC em várias cidades do estado de São Paulo. Na ocasião, a Justiça bloqueou mais de R$ 8 bilhões em valores dos investigados.

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