ALTITUDE

'Mal da montanha' pode ser causa da morte do professor francano

da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução
O corpo do professor Cledersom Marques, 37, deve ser sepultado em Franca ainda nesta semana; causas da morte estão sendo investigadas
O corpo do professor Cledersom Marques, 37, deve ser sepultado em Franca ainda nesta semana; causas da morte estão sendo investigadas

A morte do professor de matemática francano Cledersom Marques, 37 anos, que sofreu um mal súbito dentro de um vagão de trem em uma viagem de férias no Peru, pode ter sido causada pelo que os peruanos chamam de “mal da montanha”.

O corpo passou por exames nesta semana antes de ser liberado para o translado a Franca. As as causas da morte não foram divulgadas oficialmente, porém, tudo indica que a altitude de Cusco, cidade que fica a 3.400 metros acima do nível do mar, tenha sido um fator de risco para o francano.

A cidade, junto com Machu Picchu, é um dos principais pontos turísticos do país devido à sua diversidade de paisagens.

Quando começam os sintomas?

Segundo o cardiologista da Unimed Douglas Antunes Moreno a partir dos 2.300 metros acima do nível do mar, a pressão atmosférica em lugares mais altos deixa o ar mais denso, fazendo com que o oxigênio disponível para respiração seja menor.

“Os pulmões passam a ter dificuldade de captar oxigênio. Como chega menos oxigênio ao cérebro, é preciso aumentar o fluxo de sangue, podendo gerar dor de cabeça, letargia e até edema cerebral. Nos músculos, a falta de oxigênio leva à fadiga precoce. O sangue muda o pH. O coração acelera, a pressão arterial sobe”, disse o médico.

Quais os sintomas?

A doença “mal da montanha” é causada pelo ar rarefeito presente nas regiões mais elevadas. Os sintomas aparecem cerca de 6 a 10 horas após a subida. Segundo Douglas, na maioria das vezes, os problemas de saúde causados pelo ar rarefeito estão ligados a uma subida rápida a grandes altitudes, não respeitando o período de aclimatação, e geralmente desaparecem com a descida para altitudes menores.

“As condições problemáticas mais comuns que afetam as pessoas na altitude são: mal agudo das montanhas, edema pulmonar das grandes altitudes e edema cerebral das grandes altitudes. A doença aguda das montanhas é uma forma leve da doença da altitude e é a forma mais comum. Os sintomas geralmente surgem no prazo de 6 a 10 horas após a subida e incluem frequentemente dor de cabeça e um ou mais sintomas diferentes, tais como sensação de desmaio iminente, perda de apetite, náusea, vômitos, fadiga, fraqueza ou irritabilidade, chegando a durar entre 24 a 48 horas”, continuou o médico.

Apesar de ter um início mais leve, Douglas alerta que os sintomas devem ser observados com cuidado e avaliados por um médico, já que alguns casos evoluem rapidamente para um edema cerebral grave.

E o que fazer?

O médico explica que a primeira providência a ser tomada é a descida de altitude mais rápida possível, seguido de repouso.

“As pessoas podem prevenir esses distúrbios subindo lentamente e, por vezes, tomando medicamentos. Depois de alguns dias que a pessoa está em altitudes elevadas, começa a ocorrer a aclimatação, ou seja, adaptação do organismo à altitude. Aumenta a produção de glóbulos vermelhos (hemoglobina), pois quanto maior o seu número, maior será também a capacidade de transporte de oxigênio”, explicou Moreno.

O tempo ideal necessário para a aclimatação, numa média geral, fica em torno de 15 dias para uma altitude de 2.500 metros; a partir daí, cada aumento de 610 metros necessita de uma semana adicional para uma aclimatação plena.

A altitude pode levar à morte?

Douglas alerta que em lugares com mais de 2.300 metros de altitude, a falta de oxigenação afeta diretamente os pulmões. E, se a pessoa já tiver alguma comorbidade ou não souber que tem, a falta de oxigenação pode ser um gatilho para complicações graves, incluindo a morte.

“Para fazer uma viagem para locais com altitude muito elevada, como o Peru, pessoas hipertensas devem estar com a pressão arterial muito bem controlada. Além disso, preferencialmente devem fazer uma avaliação médica detalhada. Lembrando que pessoas que fumam, asmáticos, sedentários, pessoas com problemas cardíacos, cardiovasculares e respiratórios tendem a ter mais complicações.”

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