'DREAM FAMILY'

Lucas Mariano: da superação da morte do irmão à quadra compartilhada com o caçula

Lucas Mariano e Nathan Mariano fazem parte do elenco do Franca Basquete que venceu o primeiro NBB da história do time

Por Kaique Castro | 11/06/2022 | Tempo de leitura: 4 min
da Redação

Sesi Franca Basquete/Marcos Limonti

Família Mariano comemora o título do NBB do Franca Basquete, conquistado na última quinta-feira, 9
Família Mariano comemora o título do NBB do Franca Basquete, conquistado na última quinta-feira, 9

O titulo do NBB (Novo Basquete Brasil) para o Franca Basquete vai ficar marcado, de forma particular, para uma família de Franca. Mas não estamos falando da família 'Garcia', mas sim da 'Mariano', que dedicou a vida para que 'Lucão' virasse jogador de basquete. Hoje um dos ídolos do time francano, Lucão é acompanhado de perto pelo irmão caçula, Nathan, 18, que já segue seus passos, o que para ele é a realização de um sonho.

Lucas Mariano nasceu em Planaltina, em Goiás, mas com apenas três meses já estava em Franca, cidade do seu pai, Alcir Donizete, que era jogador de handebol. O basquete era assunto da mãe, Alexandra Kácia, que foi profissional e jogou em Franca.

Alexandra conta que com três meses Lucas já viajava com ela e o pai para algumas competições. “Ele era muito pequeno e não ficava com ninguém a não ser comigo e o pai. Então, em jogos regionais e abertos que disputávamos, ele sempre estava lá, mesmo bebezinho”, contou Alexandra.

Em 2009, com 15 anos, já na base do Franca Basquete, ele começou a frequentar os treinos da equipe profissional e, aos 17 anos, já fazia parte do time titular.

Logo na primeira temporada, o pivô se destacou, mas no ano seguinte viveu um drama. Seu irmão do meio, Leonardo Mariano, 14, que jogava basquete na equipe da Aspa (Associação de Pais e Amigos do Franca Basquete), morreu após se afogar na piscina do 'Nosso Clube de Limeira', onde a equipe estava hospedada para uma partida contra o time da cidade, válida pelo campeonato estadual.

“Foi um dia horrível. Recebemos a notícia durante um jogo do Franca. O Lucas arrebentou naquele dia. O jogo acabou e a gente estava em uma salinha aqui do Poli para contar que o irmão dele tinha morrido. Foi muito difícil porque o Leonardo foi um filho programado. O Lucas pedia sempre um irmão”.

Léo Mariano, Lucas Mariano e Nathan Mariano juntos em treino do Franca Basquete

Alexandra lembra que além de lidar com a morte de um filho, teve que cuidar do suporte a Lucas e Nathan, extremamente abalados com a tragédia. "Eu sempre tive muita fé em Deus e acredito nos propósitos que ele tem para cada um de nós. Quando aconteceu a morte, eu conversei muito com eles sobre isso. O Léo foi um filho maravilhoso, foi companheiro dos meninos. Mas ele cumpriu a missão dele e foi embora. Ele não está aqui presente, mas, no coração, no amor, não mudou nada. Ele veio para ensinar o amor para nós”, continuou emocionada.

“Foi muito triste, nós erámos muito unidos. Como eu era o mais novo, ele e o Lucas sempre me zoavam muito. Mas era sempre um por todos e todos por um. A gente (os três irmãos) sempre estava junto, lembro de vir aqui no Pedrocão dar uns arremessos com ele e o Lucas. O nosso sonho era os três juntos em um time”, disse Nathan.

Após a morte do irmão, Lucão se firmou como uma das principais peças da equipe francana. Participou do Jogo das Estrelas do NBB, mas, em 2015, trocou Franca por Mogi das Cruzes.

Após seis anos jogando em outras equipes, como Brasília, Vasco, Bauru e São Paulo, o pivô voltou para sua cidade do “coração”.

“É muito bom ter voltado para Franca. Minha volta não poderia ter sido melhor. A temporada do time foi muito boa, a minha pessoal também, com bons números", contou Lucão.

Na sua volta para a "Capital do Basquete', Lucas contou com a presença do seu irmão caçula, Nathan Mariano, já lutando por uma vaguinha no time profissional. Com isso, os irmãos “Mariano” começaram a dividir treino, quadras e, mais ainda, a vida um do outro.

“Desde pequeno nós somos muito apegados. Agora, jogando juntos, o vinculo de carinho e amizade só aumentou. Conseguimos ficar bastante tempo juntos e aproveitar o máximo em viagens, nos treinos e nos jogos, o que é muito importante porque consigo ajudar ele. (Ele) Tem o suporte de irmão mais velho, coisa que eu não tive. É um privilegio poder jogar com meu irmão", explica, orgulhoso e emocionado, Lucas Mariano.

Para Nathan, a experiência de vivenciar a rotina de atleta com o irmão mais velho é a realização de um sonho. Mesmo ainda na base, o jovem sempre aparece entre os atletas do banco de reserva e já teve médias de 1,8 pontos na temporada vitoriosa do time.

“Nossa relação é muito boa. Ele me 'zoa' muito, mas é normal. Eu sempre sonhei em estar jogando do lado dele. Estou realizando um sonho e está sendo incrível”, completou Nathan.

Lucas Mariano orienta seu irmão Nathan em jogo do Campeonato Paulista / Foto: Marcos Limonti

Orgulho dos pais
Agora, com o título inédito do NBB, os pais estão mais orgulhosos dos filhos que ajudaram a trazer o troféu para a cidade. “Foi maravilhoso. É só gratidão a Deus, agradecer pelas lutas. Eu, como ex-atleta daqui de Franca, sei como são as dificuldades e depois de 30 anos eles conquistarem um titulo importante para a cidade é muito orgulho. É só gratidão”, comemora Alexandra.

“Eu estou muito feliz em ver os dois juntos no time. É muita felicidade e orgulho. O coração fica dividido também, a gente lembra do Léo, mas só as coisas boas, né. Estamos muito felizes", diz Alcir.

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