O sonho do MLST (Movimento pela Libertação dos Sem-Terra) de transformar a Fazenda Santa Cruz, em Cristais Paulista, em assentamento ainda está longe de se tornar realidade. O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) esteve no local durante todo o dia de ontem para avaliar se a terra é improdutiva e pode ser desapropriada. Na fazenda são criadas cerca de mil cabeças de gado de corte, o que deverá criar mais uma barreira para o movimento. Os sem-terra, que cobiçam a fazenda há quase um ano, dão a ocupação da área como certa. “Acreditamos que a propriedade será desapropriada”, disse o coordenador nacional do movimento, Jean Gomes.
Enquanto esperam, os integrantes do MLST permanecem acampados na Fazenda Santana, que faz divisa com a Santa Cruz. O movimento firmou um acordo com os proprietários da área em que estão desde fevereiro e poderão ficar no local mais 30 dias para aguardar uma decisão do Incra. Segundo normas do instituto, apenas fazendas que utilizam menos de 80% da propriedade podem ser desapropriadas.
Todo o trabalho do Incra foi acompanhado de longe pelos sem-terra, que não podem entrar na fazenda por serem considerados parte interessada. Olhar, só mesmo de longe. Boa parte das famílias que lá se encontram passou o dia debruçada na cerca de arame farpado, que separa as duas fazendas, observando toda a movimentação.
A expectativa dos acampados deve se prolongar. De acordo com a assessoria de imprensa do Incra, só o laudo da vistoria demora, em média, dois meses para ficar pronto. Todas as informações levantadas na propriedade precisam ser avaliadas criteriosamente para se saber se ela é realmente improdutiva.
O Incra precisa ainda encaminhar os documentos para avaliação do governo federal e depois passar pela avaliação judicial. Mesmo se for considerada improdutiva, o proprietário poderá recorrer da decisão, gerando uma demora maior.
Durante todo o processo, os sem-terra não podem invadir a Fazenda Santa Cruz. Se isso acontecer, a propriedade fica fora da Reforma Agrária pelos próximos dois anos conforme a legislação federal. “Vamos continuar esperando”, garante o líder do movimento.
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