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HC da Unicamp reclama que SUS paulista pode causar déficit de R$ 55 milhões

A projeção forçou uma reunião entre Reitoria e deputados estaduais; comissão foi criada para discutir a mudança da tabela com o governo estadual.

Por Higor Goulart | 18/04/2024 | Tempo de leitura: 3 min
Especial para a Sampi Campinas

Divulgação/HC da Unicamp

Reunião entre representantes do HC da Unicamp e deputados estaduais
Reunião entre representantes do HC da Unicamp e deputados estaduais

A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) calcula um déficit de R$ 55 milhões para o Hospital de Clínicas, em Campinas, devido a mudança na remuneração da tabela SUS (Sistema Único de Saúde) Paulista. A projeção forçou uma reunião entre Reitoria e deputados estaduais e até a criação de uma comissão para discutir a mudança com o governo estadual.

Em janeiro, o SUS Paulista deixou de pagar pelo teto e adotou o repasse de recursos com base no número de procedimentos realizados. Antes, por exemplo, o HC recebia 100% do valor, mesmo se fizesse 80%, 90% ou 110% dos procedimentos.

“E isso acontecia porque se verificou ser preciso definir uma média [do volume de atendimento] para que o hospital não ficasse, permanentemente, contratando e demitindo funcionários, de acordo com as demandas”, explicou o diretor executivo da Área da Saúde da Universidade, Oswaldo Grassiotto.

Outro problema, segundo Grassiotto, é a baixa disponibilidade de leitos para procedimentos, uma vez que o HC da Unicamp é do tipo porta aberta, que recebem casos de urgência, que costumam tomar 60% dos leitos. “Ao ficar um longo tempo internado, esse paciente impede que você realize os procedimentos de alta complexidade que são a função primordial do hospital”, afirmou.

Diante desse cenário, a sugestão do diretor é de que um hospital regional seja construído na RMC (Região Metropolitana de Campinas), para desafogar o atendimento de casos de urgência no HC. Enquanto a construção não acontece, a sugestão é a instalação de uma infraestrutura mínima de atendimento, por meio de UPAs ou pequenos hospitais regionais com leitos ociosos.

“Isso envolveria melhorar o atendimento primário e secundário, com a implantação de um hospital regional e de UPAs [Unidades de Pronto Atendimento], permitindo a entrada de pacientes no HC apenas via referenciamento”, afirmou o reitor Antonio José de Almeida Meirelles.

“Isso permitiria ao HC concentrar-se naquilo que é mais característico em sua função, os procedimentos de alta complexidade, hoje executados em escala menor do que a possível por causa da necessidade de atendimento na urgência”, argumentou.

Encontro com deputados

Para tratar o possível déficit, a Reitoria e gestores da Área da Saúde da Unicamp se reuniram com um grupo de 12 deputados estaduais de São Paulo. No encontro, a direção tratou possíveis propostas para evitar o prejuízo gerado pela nova metodologia de remuneração.

Além disso, discutiu sobre a necessidade de construção de um hospital regional em Campinas e sobre a adoção de medidas de médio e longo prazo para implantar na região uma indústria em torno do complexo de saúde.

A partir do encontro, por sugestão do deputado Dirceu Dalben (Cidadania), os parlamentares criaram uma comissão, com o objetivo de iniciar negociações junto ao governo do Estado, além de buscar maior celeridade nos processos de aprovação de investimentos para o setor.

A coordenadora-geral da Unicamp, Maria Luiza Moretti, chamou a reunião com os deputados de “histórica”. “Estamos em um ponto no qual, para avançar com os serviços que prestamos à sociedade, precisamos da ajuda dos senhores”, afirmou aos deputados.

Resposta do Governo do Estado

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informa que a Tabela SUS Paulista, implantada em janeiro de 2024, foi criada para aumentar os repasses aos hospitais filantrópicos, em razão da defasagem na tabela federal do Ministério da Saúde. O HC de Campinas, diferente dos outros hospitais universitários , é ligado à Unicamp cujo orçamento é vinculado à Secretaria de Ciência e Tecnologia. As pastas de Saúde, Ciência e Tecnologia e a reitoria da Unicamp vêm estudando maneiras de complementar a receita utilizando a Tabela SUS Paulista, com recurso estadual.

O Hospital de Clínicas (HC) Unicamp é habilitado no Programa QualiSUS CARDIO nível A, sendo a principal referência estadual na abrangência do Departamento Regional de Saúde (DRS) de Campinas. No momento, a Unicamp estuda uma contrarreferência de pacientes aos municípios da região.

A SES segue comprometida com a busca de uma solução que não traga impactos para o atendimento da população.

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