2º DIA DE JULGAMENTO

Para advogado, nem Justiça se convence da morte de Claudia

Por | Bruno Freitas
| Tempo de leitura: 2 min
Priscila Medeiros
Fórum de Bauru, no Jardim Bela Vista, onde rumoroso julgamento acontece
Fórum de Bauru, no Jardim Bela Vista, onde rumoroso julgamento acontece

Durante as alegações finais da defesa no julgamento de Roberto Franceschetti Filho, nesta sexta-feira (10), o advogado Leandro Pistelli afirmou ao Júri Popular que a própria Justiça “não se convenceu da morte de Claudia Lobo”. Segundo ele, a filha da vítima, Letícia Lobo, teria solicitado quatro vezes o reconhecimento oficial de óbito da mãe, e todos os pedidos foram negados judicialmente.

“Nem o juiz se convenceu que ela está morta, por isso não autorizou o reconhecimento. Como condenar alguém por homicídio se nem a Justiça tem certeza da morte?”, questionou o defensor.

Franceschetti, ex-presidente da Apae Bauru, é acusado do assassinato da ex-secretária-executiva da entidade, Cladia Regina da Rocha Lobo, desaparecida desde 6 de agosto de 2024. O julgamento ocorre no Fórum de Bauru.

Pistelli também criticou o uso de "deduções e ilações" pela acusação. “Conclusões e deduções lógicas não podem condenar ninguém. O fato de haver sangue no carro, por exemplo, não significa que houve morte. Isso precisa ficar claro para o júri”, afirmou.

O advogado também apontou supostas falhas na condução da investigação, como a falta de preservação da cena: “O boletim de ocorrência, assinado pelo delegado Cledson do Nascimento, registra que a Spin branca foi mexida antes da perícia. Policiais militares não identificados abriram o veículo”, disse.

Outro ponto levantado pela defesa foi o uso de dados de geolocalização. Segundo Pistelli, a promotoria estaria manipulando a interpretação das torres de sinal de celular (ERBs) para “direcionar a narrativa contra o réu”. De acordo com ele, a acusação escolhe a torre que melhor serve para acusar o Roberto.


“Motivo torpe” contestado


Já a advogada Vanessa Mangile, que também atua na defesa de Franceschetti, pediu ao júri o afastamento da qualificadora de “motivo torpe”, que agrava a pena em casos de homicídio. “Essa qualificadora é uma tentativa de colorir o crime com uma gravidade que as provas não demonstram”, argumentou.

A advogada também fez críticas à tese de que Claudia teria sido morta para “ser calada” sobre desvios na Apae. Segundo ela, a ex-secretária era quem mantinha o controle das operações e das finanças ilícitas, inclusive beneficiando pessoas próximas. “Era Claudia quem tinha ligações com 12 pessoas envolvidas em desvios, inclusive a própria filha. Se fosse para queimar arquivo, o Roberto teria que matar outras 12 pessoas, e não apenas ela. Isso não faz sentido”, alegou.

Vanessa também expôs supostos gastos excessivos feitos por Claudia para manter o relacionamento com o então namorado, incluindo uma viagem de R$ 12,6 mil à Argentina que faria no mês seguinte ao desaparecimento, além de compras de mercado e até um iPhone de presente.

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