Entre textos e mais textos, os mais difíceis são aqueles em que nos despedimos. É o caso deste.
Era agosto de 2022 quando fiz o primeiro contato com João Jabbour, diretor de Redação deste JC. Me apresentei, disse que buscava algo fora de Santa Cruz do Rio Pardo e que estaria por ali, à disposição, caso pintasse alguma vaga.
Na época eu trabalhava no Debate, jornal que meu pai, Sérgio (in memorian), fundou em 1977. Referência nacional em jornalismo, o veículo ajudou a derrubar a Lei de Imprensa e teve colaboradores como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o escritor Fernando Morais.
Não era pouca coisa.
Jabbour deu um sinal positivo à primeira mensagem, afirmou que acompanhava nosso trabalho no Debate e que qualquer dia me chamaria para tomar um café.
Recebi o telefonema um mês depois, quando da abertura de uma vaga na Redação do JC. Viajei para Bauru na semana seguinte. E veio, enfim, o convite para trabalhar no jornal.
Jabbour perguntou coisas da vida e do jornalismo naquela conversa. Em certo momento, indagou se tinha onde morar caso mudasse para Bauru. Eu não tinha, mas respondi que sim. "Começa na semana que vem, então", afirmou.
Em questão de quatro dias arrumei a mala, comuniquei a saída, aluguei uma pensão e me mudei.
Quando cheguei ao JC, em setembro de 2022, tinha a certeza de que em algum momento queria cobrir assuntos relacionados à política e ao cotidiano do poder público.
Não sabia, porém, que isso seria minha rotina pelos três anos seguintes.
O JC foi uma verdadeira escola para este jovem repórter. E assim o será a qualquer outro que passar pelo crivo do Grupo Cidade, cuja excelência em comunicação pode ser atestada pelos números robustos de audiência.
Trabalhei numa matéria sobre dados eleitorais para a edição de domingo em minha primeira semana no JC.
Foi manchete do jornal. Mas só foi porque o texto passou pelas mãos da competente Luciana La Fortezza, cuidadosa jornalista e editora do JC, que teve de refazer os percentuais que embasavam o texto porque eu havia invertido números ao calcular uma simples regra de três.
Foi um banho de água fria - mas ali percebi que a mudança era também um aprendizado.
Desde então foram centenas e centenas de reportagens escritas, editadas ou revisadas. Dois períodos eleitorais - nacional e municipal -, brigas políticas, processos judiciais e investigações que só o JC publica. Um privilégio a Bauru e região.
Dos amigos com quem tive a oportunidade de trabalhar, dos colegas que fiz ao longo desse tempo, dos leitores que ligavam para o jornal reclamando de alguma coisa ou outra ou só para perguntar o resultado de um jogo.
Disso tudo jamais me esquecerei. São lições que levo para a vida - e a vida agora impõe novos desafios. Mas nada disso seria realidade não fosse a decisão da chefia de trazer a Bauru um jovem de Santa Cruz do Rio Pardo.
Por isso - e por muito mais - serei eternamente grato.
Muito obrigado, Bauru, e muito obrigado, JC. Nos veremos!