Cerca de um mês atrás, veio a público um empresário dizer impropérios contra o Bolsa Família e outras formas de auxílio à população mais carente. Um argumento sofismático é que, ao dar tais benefícios, o governo inibe a busca individual por uma condição melhor de vida.
Os dados mostram justamente o contrário, pois o auxílio é apenas parte do orçamento e os beneficiários acabam por completar a renda com atividades chamadas produtivas e, muitos deles - também revelados por dados oficiais e verdadeiros - saem do programa porque conseguem, enfim, alcançar uma condição financeira mais estável e duradoura.
Nesse sentido, o especialista no assunto, Eduardo Suplicy, publicou um importante artigo para esclarecer que justiça social precisa ser praticada para além do discurso vazio dos que apenas exploram o capital humano ("Transferências de renda é liberdade, não 'vício'", Folha de S. Paulo, 2/7). Mas o senso comum acha que sem matar a fome imediata, será possível ensinar a pescar.
Pelo menos vemos que o preconceito tem diminuído até dentro de segmentos mais retrógrados da sociedade, mas a defesa de Suplicy será sempre uma constante, para além das condições mínimas de sobrevivência, pois "a gente não quer só comida…".