Os números do IBGE sobre a educação brasileira em 2024 chegam com um enfeite de otimismo que não resiste a uma análise minimamente séria. Sim, a taxa de analfabetismo caiu para 5,3%.
Sim, a média de anos de estudo subiu para 10,1 anos. Sim, mais brasileiros terminaram a educação básica. Mas... vamos com calma.
Ainda temos 9,1 milhões de brasileiros adultos completamente analfabetos. Isso significa que, em pleno século 21, no país da internet 5G, dos streamings e das redes sociais, milhões de pessoas seguem sem saber ler uma placa de trânsito ou entender uma bula de remédio. Uma vergonha nacional!
O país ainda comemora avanços lentos como se fossem grandes conquistas. Uma redução de apenas 0,1 ponto percentual de um ano para o outro na taxa de analfabetismo não é uma vitória... é um alívio estatístico.
A verdade é que continuamos patinando em metas que deveriam ter sido cumpridas há pelo menos duas décadas.
Outro dado que grita é o dos jovens de 15 a 17 anos fora da escola. Estamos abaixo da meta prevista pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Entre os jovens de 14 e adultos até 29 anos, mais de 8 milhões não completaram o ensino médio. Ou seja: um exército de jovens brasileiros está condenado a empregos precarizados, subempregos e à exclusão social.
E o drama continua no Ensino Superior. Embora a porcentagem de brasileiros com diploma universitário tenha aumentado, a desigualdade educacional entre brancos e pretos, ricos e pobres, segue gritante.
Não por acaso, a grande maioria dos que chegam ao ensino superior - e principalmente à pós-graduação - veio da rede pública. Mas a que custo? Após enfrentar escolas mal equipadas, professores desvalorizados e uma estrutura de ensino sucateada.
E enquanto isso... o que faz o governo? Faz pose para foto, faz discurso bonito, lança programa com nome de efeito... mas não entrega o básico: escola de qualidade, permanência escolar, segurança alimentar e estrutura física decente.
A melhora é tímida. Não é motivo para fogos de artifício, nem para comemoração. O Brasil ainda está muito longe de garantir educação de qualidade para todos.
Até quando? Essa é a pergunta que fica.