Ah, o INSS — essa máquina de moer velhinhos e triturar dignidades com o selo oficial da República. Agora, a AGU, em um gesto quase comovente de bom senso burocrático, pede ao STF que os aposentados vítimas de fraude sejam ressarcidos sem precisar recorrer à Justiça. Um escândalo que grita: "Descobrimos que espancar idoso financeiro virou modelo de negócio no Brasil!"
Estamos falando de uma fraude bilionária, e a resposta é um pedido tímido e educado ao Supremo, como se estivéssemos lidando com um furto de chicletes no armazém do seu Zé. Enquanto isso, aposentados que viveram décadas sustentando o país com o lombo curvado e a espinha quebrada são assaltados em débito automático. Tudo muito moderno, muito digital — até o golpe.
Mas a cereja do bolo é o pedido para abrir crédito extraordinário fora do teto de gastos. Ou seja: quando é para banqueiro, tem "ajuste fiscal". Quando é para ressarcir quem foi roubado por esquemas dignos de máfia de rodoviária, aí vale tudo — desde que não atrapalhe a meta de superávit do Excel. Um cinismo contábil de fazer corar qualquer Chicago Boy com vergonha na cara (se é que existe tal criatura).
E lá vai o STF de novo, legislando no lugar do Congresso, decidindo o que é "emergencial", como se o simples fato de um idoso ter que processar o próprio governo para reaver o que lhe foi roubado não fosse, por si só, uma calamidade institucional.
A verdade? O Brasil é o único país onde o cidadão tem que lutar na Justiça para não ser enganado pelo próprio contracheque. E a Justiça, lenta como o infarto de um burocrata, ainda se acha generosa por cogitar resolver isso sem processo.
No fundo, tudo se resume a isso: o Estado brasileiro é um velho senhor cansado que rouba o próprio espelho — e depois manda um ofício pedindo desculpas.