BAURU

Moradores do Águas Virtuosas temem desapropriações de 59 áreas

Por Guilherme Matos | da Redação
| Tempo de leitura: 2 min
Guilherme Matos
Além da possível desapropriação, os moradores do Águas Virtuosas enfrentam o abandono
Além da possível desapropriação, os moradores do Águas Virtuosas enfrentam o abandono

"Fiquei abalada e já chorei muito. É o único bem que tenho e foi tudo conquistado ao longo de muitas gerações". Foi assim que a bióloga Ananda de Barros Barban, moradora do bairro Estância Balneária Águas Virtuosas há 5 anos, reagiu ao descobrir em um grupo de WhatsApp que pode perder a sua casa.

A Prefeitura de Bauru declarou no Diário Oficial do município publicado do dia 10 de outubro de 2024 que a residência dela e outras 58 estão em uma área de interesse público — primeiro passo para uma desapropriação.

O decreto assinado prefeita Suéllen Rosim faz parte de uma iniciativa relacionada à preservação ambiental, visto que cita o fato das propriedades situarem-se próximas a uma nascente na região. O texto também autoriza a invocação de caráter de urgência em processos judiciais e terão direito à indenização. O decreto entrou em vigor na data de publicação, mas ainda não houve nenhuma atualização.

A prefeitura, até o momento, não entrou em contato com proprietários dos 59 terrenos. Ananda não sabe para o que a área será utilizada ou quanto vai receber pelo terreno e nem quaisquer informações essenciais para alguém que pode perder sua casa.

A falta de comunicação a respeito dessa questão, inclusive, revolta Ananda, que acredita que a maioria das famílias ainda não soube do problema que se avizinha. "Ficamos sabendo por um grupo de moradores. Não houve contato oficial da prefeitura antes ou depois da publicação [no Diário Oficial]", afirmou.

"O que sabemos é por rumores. Alguns dizem que será feita uma nova lagoa, outros falam em obras de infraestrutura. Não há um projeto apresentado", completou a moradora sobre as dúvidas em relação ao que será feito no local.

Ao lado da casa dela, mora um casal de idosos. Pedro Cunha, 71 anos, e Luzia Cunha, 65 anos, tem como única fonte de renda a plantação que tem no local.

"Se tirarem a gente daqui é a mesma coisa que estarem acabando com nossa vida, matando a gente", disse Pedro ao JC. Ele conta ainda, que mora no local há mais 25 anos e não saberia como se adaptar morando na cidade, caso tivesse que se mudar.

Como não recebeu contato oficial ainda, Pedro acredita que não terá que deixar o local, apesar de estar ciente da possível desapropriação. A reportagem fez contato com a prefeitura, que não respondeu até o fechamento desta edição.

Rua Oswaldo Torres de Vasconcelos é intransitável
Rua Oswaldo Torres de Vasconcelos é intransitável
Rua Agenor Lopes, onde estão os terrenos que devem ser desapropriados
Rua Agenor Lopes, onde estão os terrenos que devem ser desapropriados
Alguns dos imóveis localizados na rua Agenor Lopes
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