
2025 é um ano especial para a Escola Estadual Professor Luiz Castanho de Almeida, atualmente situada na Vila Falcão, em Bauru. Em fevereiro último, a instituição celebrou seu centenário. Enquanto formava alunos, muitos deles renomados, acompanhou o desenvolvimento da cidade antes mesmo da construção da Estação Ferroviária Central.
A televisão nem tinha chegado ao município e as leis trabalhistas ainda não estavam consolidadas, mas a unidade de ensino já funcionava. Ela foi inaugurada em 14 de fevereiro de 1925 como 2º Grupo Escolar de Bauru. Em 1950, passou a receber o nome do patrono, conhecido pela dedicação ao magistério.
Inicialmente, abriu as portas em um imóvel alugado próximo à Igreja São Benedito. Na época, o ensino se restringia à Educação Básica. Foi assim até 1957, quando o Governo do Estado de São Paulo construiu o prédio da Vila Falcão, onde permanece até hoje. Na ocasião, o prefeito era Nicola Avallone Junior, o "Nicolinha", que ajudou na inauguração. Conforme documentos do Legislativo, foram destinados 40 mil cruzeiros para pagar a extensão de energia elétrica do local.
A Escola Estadual Luiz Castanho de Almeida chegou a lecionar para 1500 alunos entre as décadas de 1960 e 1970, conta ao JC o professor Ricardo Frontera, responsável por documentar as memórias do "Luizão", como ele se refere à instituição, que atualmente tem 527 alunos.
Com idade entre 11 e 18 anos, eles estão matriculados nos ensinos fundamental e médio, informa a escola. O carro-chefe é o ensino médio, com 11 turmas totais. Composta pelo diretor Ricardo Alexandre da Silva e pelas vices Ivanete Rocha e Luciana do Nascimento Aguiar, a direção comemorou os 100 anos no dia 14 de março, em uma festa com a participação do corpo docente, alunos e funcionários, além da Acadêmicos da Cartola, na própria escola, Depois, houve um jantar no Buffet Mantovani, cujo dono é ex-aluno.
RECORDAÇÕES
O empresário Fernando Mantovani estudou na instituição na década de 80. "Fiz bons amigos aqui que mantenho contato até hoje", revela. Ele recorda que houve uma época em que fazia o caminho até a escola a pé e em grupo. "Era uma farra. Nós subíamos a rua Almirante Barroso tocando as campainhas dos colegas e, quando chegávamos na Luiz Castanho, já entrávamos com a turma toda", conta.
A "Dona Lenise", professora de língua portuguesa da época, marcou a trajetória de Fernando. "Ela tinha um brilho no olhar quando falava e uma locução impecável", enfatiza. Ele destaca também o professor de geografia José Carlos Rodrigues Rocha que, segundo as memórias, tinha um jeito sarcástico de dar aula.
"Teve um tempo que quis ser político por conta das provocações que José Carlos dava durante as aulas. Esse desejo não nasceu na minha família. Foi despertado aqui, onde tive professores maravilhosos", acrescenta o empresário que também foi vereador em Bauru. O carismático também tem apreço pela região da Vila Falcão, bairro onde estudou, mora e, hoje, trabalha. "Devo minha vida a esse lugar", conclui.
BIOGRAFIA
Por meio do Decreto 19.819, de 11 de outubro de 1950, o professor Luiz Castanho de Almeida tornou-se patrono do 2º Grupo Escolar de Bauru, conforme já divulgou em 1991, o Bauru Ilustrado do jornalista Luciano Dias Pires.
"No exercício dos vários cargos que ocupou no magistério de São Paulo, sempre teve dedicação, probidade, eficiência e, portanto, muito justa a homenagem do Governo do Estado", consta da publicação.
Ele iniciou as atividades na área em 5 de dezembro de 1905 e, em 1907, foi nomeado professor efetivo da Escola Masculina do Bairro do Serrador, em Itararé. Em 1908 se casou com a professora Filomena Nogueira Castanho.
De Porto Feliz foi para Bom Sucesso, São Sebastião e Ubatuba. Em 14 de outubro de 1914, foi promovido para o cargo de diretor do Grupo Escolar Joanópolis e, em 1918, exerceu a direção do Grupo Esperança de Oliveira, de Lençóis Paulista, cidade em que se dedicou ao Jornalismo. Foi redator e gerente do "O Imparcial".
Finalmente, em 1924, ocupou a diretoria do 2ª Grupo Escolar, que depois foi batizado com seu nome e, em 1926, a do então 1º Grupo Escolar de Bauru, hoje Escola Técnica Rodrigues de Abreu. Em 1928 foi nomeado inspetor fiscal da Escola Normal Livre de Franca e colaborou no jornal O Comércio de Franca.
O professor Luiz Castanho de Almeida nasceu em Guareí no dia 30 de dezembro de 1886. Ele era filho de João Florêncio de Almeida, agrimensor, e da professora Elza Castanho de Almeida, ambos pertencentes a tradicionais famílias paulistas. Estudou na cidade natal durante o curso primário e obteve diploma de professor na antiga Escola Normal de Itapetininga, hoje transformada em Instituto de Educação Peixoto Gomide.




