Todos os pais sonham em ver seus filhos crescerem como adultos responsáveis, equilibrados e dotados de um caráter sólido e saudável. Alcançar esse objetivo, porém, exige mais do que boas intenções: é preciso compreender e aplicar princípios fundamentais na educação infantil. Neste texto, procuro explorar características essenciais para formar crianças que se tornarão indivíduos maduros, íntegros e preparados para a vida.
A Bíblia, em 1 Coríntios 13.13, destaca que, entre as virtudes de fé, esperança e amor, o amor é a maior delas. Esse valor é um dos alicerces de uma sociedade saudável e harmoniosa. Na criação dos filhos, é imprescindível que os pais sejam amorosos. Mas o verdadeiro amor, aquele que transforma vidas, não é instintivo — ele precisa ser ensinado com base na renúncia ao egoísmo. Desde cedo, a criança deve entender que o mundo não gira em torno dela e que suas escolhas afetam aqueles ao seu redor. Um exemplo simples é ensinar a dividir um brinquedo com um amigo: esse pequeno ato planta a semente da empatia e do cuidado.
Um risco, em destaque, está em confundir amor com permissividade. Muitos pais, na tentativa de agradar ou evitar conflitos, deixam de impor limites, criando, sem perceber, um terreno fértil para o egoísmo. Crianças que crescem sem disciplina podem desenvolver a ideia de que os outros existem apenas para servi-las. O excesso de permissividade, longe de formar indivíduos amorosos, resulta em adultos egocêntricos, incapazes de lidar com frustrações e necessidades alheias.
Outro pilar crucial na formação do caráter é a responsabilidade. Ser responsável, envolver-se, assumir compromissos, cumprir obrigações e ser confiável — são virtudes transmitidas, não surgem por acaso. A Bíblia, em 2 Coríntios 5.10, nos lembra que todos prestarão contas a Deus por suas ações, o que abrange desde a gestão do tempo até a responsabilidade dos relacionamentos. Ensinar isso às crianças é um processo gradual. Por exemplo, quando uma criança quebra algo e culpa o outro, os pais têm a oportunidade de corrigi-la, mostrando que ela deve ser responsável por suas ações. Se essa lição não for aprendida e desenvolvida, a criança crescerá certa de que sempre há um prejuízo externo para suas más ações. Certamente será um adulto insensível, sem iniciativa ou resiliência.
Os pais desempenham um papel central nessa aprendizagem. Uma criança que entende os limites desde cedo percebe que tem liberdade para escolher, mas também deve arcar com as consequências. Hoje, vemos muitos jovens que se sentem vítimas da sociedade, das diversas situações, e com isso incapazes de tomar as decisões da própria vida. Isso reflete, por parte, uma educação que não priorizou a responsabilidade. Contrastando com essa realidade, a Bíblia ensina que fomos criados à imagem e semelhança de Deus, com a capacidade de fazer escolhas conscientes. Cabe aos pais aumentar essa autonomia gradualmente, equilibrando-a com orientações firmes. Sem limites claros, as crianças ficam desorientadas. Muitos se refugiam no isolamento, trancados em seus quartos, conectados às telas, enquanto os pais perdem a conexão com seus sentimentos e pensamentos. Estabelecer regras saudáveis — como limitar o uso de celulares e priorizar o diálogo familiar — é essencial para resgatar o senso de pertencimento e segurança emocional. Limites não são castigos, mas atos de amor, orientações que moldam um caráter sólido e oferecem um entendimento claro do certo e errado.
Educar exige coragem e dedicação. Moldar o caráter de um filho pode parecer desafiador, mas é um investimento eterno. Muitos pais focam apenas nos problemas imediatos, como birras ou desobediências, sem considerar o impacto a longo prazo. Contudo, as bases lançadas na infância definirá quem a criança será no futuro. E aqui entra um ponto crucial: ninguém oferece o que não possui. Pais que desejam filhos responsáveis e equilibrados devem cultivar essas virtudes em si mesmos. Deus nos criou com a necessidade inata de aprender a assumir responsabilidades. Aos pais, cabe ensinar isso com persistência, amor e reverência ao Criador, guiando os filhos com firmeza e ternura, sempre alinhados aos valores de Sua Palavra. Negligenciar essa missão formará uma geração sem disciplina e despreparada para os desafios da vida. Portanto, educar filhos equilibrados, disciplinados e de caráter, exige amor, esforço, paciência e sabedoria. Os pais devem ser intencionais, ensinando o amor genuíno, a responsabilidade e o valor dos limites. Assim, estaremos formando não apenas crianças felizes, mas adultos maduros, íntegros e prontos para viver com propósito e fé.
IGREJA BATISTA DO ESTORIL - 63 anos atuando Soli Deo Gloria