Risco fiscal, dólar nas alturas, inflação oficial de 4,87% em 12 meses, descompasso entre oferta e procura de bens e serviços, conflitos geopolíticos e pressão nos preços dos serviços devido a sazonalidade de fim de ano, são motivos mais do que suficientes para controlar os ânimos dos agentes econômicos, e o remédio, mesmo que amargo, é exatamente o rigor monetário, ou seja, elevação da taxa de juros.
Em outras palavras: não se faz omelete sem quebrar os ovos. A conclusão é que o modelo econômico está equivocado. Não se conquista a Copa Libertadores da América com time e mentalidade de segunda divisão.
Há um enorme equívoco da equipe econômica do atual governo Federal, em especial de seu líder maior, o presidente Lula, em imaginar que é capaz de rapidamente resolver todos os problemas sociais, sem considerar a escassez de recursos.
Se não bastassem os limitados recursos, há ainda uma péssima qualidade nos gastos públicos. O endividamento público é elevado e está em alta. A carga tributária bateu seu limite. A qualidade dos gastos é questionável, e há insegurança jurídica, elementos que justificam as incertezas instaladas no mercado.
Não se trata de satisfazer desejos de especuladores, de rotular sem alma e coração os operadores do mercado (aqueles da Faria Lima), e sim de ir além do retrato momentâneo e passar a olhar a economia como filme, cujo final, infelizmente se apresenta como desastroso.
Há coisas positivas no curto prazo, mas os médio e longo prazos não nos trazem perspectivas positivas, e não tem outro jeito de resolver isso, a não ser o aperto monetário. Aperto monetário que irá novamente rotular a economia brasileira como "voo da galinha", com crescimento econômico acima de 3% para este ano, e voltando a crescer abaixo de 2% no próximo ano. Galinha efetivamente não voa.
Se houvesse uma sinalização firme de que o corte de gastos seria para valer, como por exemplo, retirar da gaveta o projeto da Reforma Administrativa, certamente o ânimo dos agentes econômicos seria outro. Como isso não é verdadeiro, resta ao Banco Central fazer sua parte e elevar a taxa básica de juros.
É uma pena que o modelo econômico brasileiro se revista de tantas fragilidades, impedindo que nossa economia seja mais robusta e sustentável ao longo do tempo.
Volta a reafirmar: em ambiente adverso, com pressão inflacionária, elevar a taxa de juros é inevitável, portanto, não se faz omelete sem quebrar os ovos.