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Diretora é afastada por suspender aula durante avanço de fumaça

Por Isabela Palhares | da Folhapress
| Tempo de leitura: 2 min
Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Fumaça tem transformado o cenário de muitas cidades brasileiras nas últimas semanas (imagem ilustrativas)
Fumaça tem transformado o cenário de muitas cidades brasileiras nas últimas semanas (imagem ilustrativas)

A diretora de uma escola estadual de Cotia, na Grande São Paulo, foi afastada do cargo nesta segunda-feira (16) por ter dispensado os alunos e professores das aulas em dois dias em que a unidade foi fortemente afetada pela fumaça de queimadas.

Nos dias 11 e 12 de setembro, a escola Zacarias Antônio da Silva interrompeu as aulas do período noturno por causa da fumaça que atingiu parte da cidade. Na ocasião, a Folha de S.Paulo mostrou que outras unidades da região suspenderam as atividades letivas nesses dois dias por conta do avanço do fogo.

Segundo o dirigente de ensino de Carapicuíba, diretoria à qual a escola está subordinada, a diretora foi afastada do cargo por não ter "comunicado previamente" a decisão de paralisar as atividades letivas.

Ela foi informada da perda do cargo nesta segunda-feira e teve que deixar a escola imediatamente. Alunos e professores da unidade se organizaram contra a decisão que consideram ser injusta.

Eles defendem que a diretora agiu de maneira correta para proteger a saúde de alunos e funcionários. Também afirmam que não houve prejuízos educacionais, já que só foram interrompidas as últimas aulas do período noturno.

Segundo eles, no dia 12, por exemplo, a fumaça avançou sobre a escola por volta das 22h. "A quantidade de fumaça e fuligem tornou a permanência na escola inviável. A decisão de afastar a diretora parece extremamente injusta, considerando que a ausência de comunicação formal ocorreu em um momento de emergência, fora do horário de expediente da Diretoria de Ensino de Carapicuíba", diz nota escrita pela comunidade escolar da unidade.

Questionada sobre a decisão de cessar o cargo da diretora, a Secretaria de Educação do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse que instaurou um procedimento para avaliar "todas as circunstâncias relativas ao caso". Caso seja constatada qualquer irregularidade, por parte da diretora ou do dirigente de ensino, os envolvidos serão responsabilizados.

A secretaria não informou qual o prazo para avaliar o caso.

A punição à diretora mobilizou estudantes e funcionários da escola, já que a unidade foi premiada na última semana. O colégio foi destacado no "top 100 de escolas de São Paulo", em uma premiação da secretaria.

Como os cargos de gestão nas escolas estaduais paulistas são por indicação, a saída da diretora pode significar também o afastamento de outros educadores que atuam nesses cargos, impactando toda a comunidade escolar.

Conforme mostrou a Folha de S.Paulo, apenas no dia 12 de setembro, 19 municípios de São Paulo tinham focos ativos de incêndios florestais. Diversas outras cidades foram afetadas pela fumaça provocada por essas queimadas.

 

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