LIGAÇÕES PERIGOSAS

Polícia investiga ligação entre PCC e política em Araçatuba

Por Maryla Buzati | da Redação
| Tempo de leitura: 4 min
Reprodução/Redes Sociais
Mais de 420 policiais civis e militares de São Paulo participaram das buscas e apreensões
Mais de 420 policiais civis e militares de São Paulo participaram das buscas e apreensões

A operação conjunta das Polícias Civil, Militar e Gaego (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público) do Estado de São Paulo deflagrada na manhã desta sexta-feira, 6, na região de Araçatuba, prendeu 23 indivíduos ligados à facção criminosa do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Após as buscas, apreensões e prisões ocorridas na manhã, as autoridades realizaram uma coletiva de imprensa onde esclareceram as ações realizadas.

Elo do PCC com a política em Araçatuba

Na coletiva, foi revelado que existe uma investigação de possível infiltração de organização criminosa, especialmente do PCC, na política em Araçatuba. Foi identificado um contato muito próximo da facção criminosa com um indivíduo que foi chefe de gabinete de um vereador da cidade até recentemente. Inclusive, o irmão desse homem seria membro da facção. 

Além disso, houve indicativo de financiamento por parte de autoridades públicas do município nas supostas manifestações em Brasília. Com estas investigações, a polícia acabou encontrando outros pontos de contato. Foi cumprido mandado de busca na residência de pessoas politicamente expostas da cidade, lavrado um auto de prisão em flagrante e permanecem as investigações para se apurar qual a real dimensão e o alcance da participação das facções criminosas, especialmente o PCC, na vida política da cidade.

Ainda foi esclarecido que não há indícios de relações entre a facção com partidos nem em financiamento de campanhas, mas há uma proximidade entre autoridades públicas e funcionários púbicos da cidade com o crime organizado.

Um dos presos na operação é vereador de Araçatuba Antônio Edwaldo Dunga Costa, o Dunga. O caso corre em segredo de Justiça. A busca no apartamento do vereador ocorreu para investigações, e a sua prisão se deu por conta de uma arma com numeração raspada que foi encontrada no local.

As investigações já ocorriam por inquéritos policiais conduzidos por estas autoridades e ocasionou na deflagração de operação conjunta, quando 23 pessoas foram presas temporariamente, sendo 10 de Araçatuba e um morto em confronto com a polícia, além de serem apreendidos cerca de 6 kg de entorpecentes e 6 armas de fogo. 

Ao todo, as buscas foram feitas em 11 cidades do estado de São Paulo e mais duas no estado do Mato Grosso do Sul, com 105 diligências de busca e apreensão deferidas judicialmente, sendo 3 delas em presídios de São Paulo, onde se encontravam indivíduos pertencentes à facção criminosa, que passavam ordens, de dentro dos estabelecimentos prisionais, para influenciar um comando de crime organizado em Araçatuba e região.

Grande aparato

Foram envolvidas cerca de 420 policiais militares e civis nas diligências, além de servidores do Ministério Público, policiais penais e outras corporações, além do emprego de 2 helicópteros, sendo um da Polícia Civil e outro da Militar. Ainda há mandados de prisão contra aproximadamente 12 pessoas que ainda não foram localizadas. As diligências permanecem em andamento.

Conforme já foi noticiado pela Folha da Região/Sampi, um indivíduo reagiu à prisão e foi baleado e morto pelo Baep de Araçatuba. Contra ele haviam graves acusações por pertencimento ao PCC.

A Polícia Civil esclareceu que ainda ocorrem três inquéritos policiais pela Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminosas) relacionados ao tráfico de drogas e organização criminosa, dos quais houveram solicitações de vários mandados de busca e prisões temporárias.

O delegado afirmou que a PC pretende “dar tranquilidade para a comunidade que vinha sofrendo com vários homicídios, com tráficos de drogas em determinados pontos da cidade que são ligados à facção criminosa”. Ainda relatou que estes associados pagavam pessoas, com o dinheiro do tráfico, para realizar manifestações populares em Brasília, contra o fim das saídas temporárias de presos.

Ainda contou que as investigações em Araçatuba foram focadas, a princípio, em integrantes que ocupavam posição de destaque, como chamam de quadro disciplinar da região 018. E a partir da prisão desses integrantes e de seus aparelhos eletrônicos, a polícia acredita que outros membros serão revelados.

Além da Deic e do Gaego, a operação desta sexta-feira contou com a Polícia Militar, por meio das CPIs da região, do Baep de Presidente Prudente, São José do Rio Preto e Bauru, o 2º BPM/I (região de Araçatuba) e o 28ª BPM/I (da região de Andradina). A PM também disse que as operações vão continuar nos próximos 30 dias, e acredita que, com todas as prisões, cairão os números de homicídios em Araçatuba.

No interior

Também foi dito que as investigações em Dourados, Paraguaçu Paulista, Assis e outras cidades da região de Presidente Prudente são de pessoas relacionadas ao tráfico e à esta organização criminosa. São pessoas que fomentavam e financiavam a facção para que ela pudesse se fortalecer. 

O dinheiro que conseguiam com isso era usado para comprar o apoio popular na manifestação em Brasília. O preso em Penápolis tem forte ligação com a facção, e em Birigui há um alvo que não foi encontrado. Todas as investigações ainda vão continuar.

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