ELEIÇÕES 2024

Primeiro debate tem discussão fraca e insegurança de candidatos

Por André Fleury Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 4 min

O primeiro debate eleitoral entre os candidatos à Prefeitura de Bauru na noite desta quarta-feira (14), na Band TV,  mostrou uma discussão rasa, com argumentos superficiais, confusos ou até obsoletos, e revelou também o despreparo dos postulantes ao cargo majoritário do Palácio das Cerejeiras na administração do tempo de perguntas e respostas.

Em várias ocasiões os presentes não conseguiram nem sequer formular suas respectivas perguntas ou concluir suas respostas. Dr. Raul (Podemos) abriu o primeiro bloco, que envolveu perguntas de candidatos a candidatos, e questionou Ricardo Crepaldi (PV) sobre a falta de água em Bauru. O adversário defendeu melhorias no sistema de tubulação subterrânea e no da distribuição hídrica como um todo.

Crepaldi em seguida indagou Antonio Izzo Filho (Agir) a respeito do esporte no município e disse, por exemplo, que o setor carece de incentivos da administração.

O ex-prefeito, que governou Bauru na década de 1990 e acabou cassado, ressaltou a importância de se valorizar os estádios distritais e criticou o atual estado do Sambódromo, estrutura construída sob sua gestão.

Neste bloco, o candidato que recebia a pergunta era o próximo a questionar algum adversário. Izzo escolheu Dr. Raul e abriu discussão sobre a saúde municipal - ponto crítico da administração. Comentou as recentes mortes nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) por falta de leitos na rede estadual, por exemplo, problema que o médico lamentou. Raul afirmou que não se pode terceirizar problemas - jogando a responsabilidade ao Estado -, mas defendeu parcerias com o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo.

A prefeita mirou Crepaldi na primeira vez em que pôde perguntar no debate. Abordou infraestrutura. O candidato da federação PT-PCdoB-PV defendeu mudanças no sistema viário e melhorias nos distritos industriais.

Já José Xaides (PDT), professor universitário e urbanista - assunto que praticamente prevaleceu em suas discussões -, abriu debate sobre o Plano Diretor e a até agora falta de atualização do documento, vencido em 2018 e desde então pendente de revisão.

Como Crepaldi já havia sido acionado duas vezes por demais candidatos, limite de questionamentos a cada um dos debatedores, coube a Xaides perguntar a Suéllen sobre a conclusão do Plano Diretor e da Lei de Uso e Ocupação do Solo, também chamada de Lei de Zoneamento.

Segundo afirmou a prefeita em resposta ao pedetista, seu governo avançou para contratar a revisão do Plano Diretor e também da Lei de Zoneamento - ela disse ao JC no ano passado que negociava com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), mas até o momento não há nada concreto.

Marcos Chagas (PSOL) também direcionou a pergunta a Suéllen e perguntou a ela sua opinião sobre escolas cívico-militares.

A mandatária evitou comentar o mérito do assunto e abordou políticas de educação sob sua gestão - afirmou, por exemplo, que retomou obras anteriormente paralisadas de reformas em escolas e não deixou de mencionar o cumprimento antecipado do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público a partir do qual o governo se comprometeu a abrir 700 vagas em creches neste ano.

A meta, como antecipou o JC, foi batida em julho com reformas e ampliações de escolas de educação infantil. De maneira geral, candidatos da oposição traçaram a estratégia de evitar perguntas à prefeita e criticá-la em suas respostas e perguntas. Suéllen comentou o cenário do debate em suas considerações finais, quando relatou ter sido perseguida, lembrou o período da pandemia e o embate com João Dória, ex-governador, quando a mandatária confrontou as restrições impostas ao comércio e outros estabelecimentos.

No segundo bloco, enquanto isso, Chagas demonstrou dificuldade para discutir mobilidade urbana - a etapa era temática, com assuntos predeterminados pela emissora.

O psolista afirmou que a passagem da Circular em Bauru é onerosa, classificou como uma das mais caras do Estado, ao que a prefeita rebateu dizendo que investiu em novas vias públicas e ciclovias.

A exemplo do que fez no início desta semana, a mandatária atribuiu novamente a seu governo a negociação da dívida federalizada - o financiamento junto ao banco Chase Manhattan (hoje JP Morgan).

O imbróglio em torno do erro de cálculo no financiamento para a construção do viaduto Nicola Avallone Jr, que liga o Centro à Vila Falcão, veio por uma ação popular dos advogados José Clemente Rezende, Robson Olimpio Fialho e Tadeu Luciano Saravalli.

Em certa ocasião, Izzo Filho mencionou as desapropriações feitas pela Educação - medida que quase cassou a prefeita pela Câmara - e mencionou que houve negociações "superfaturadas" - Suéllen pediu e obteve direito de resposta após a declaração.

Há um laudo do Centro de Apoio à Execução (Caex) revelando sobrepreço em uma das desapropriações, mostrou o JC no ano passado.

Questões como falta de água, por exemplo, foram pouco abordadas pelos candidatos. A defesa do desassoreamento da lagoa de captação do Batalha deu o tom a varios dos candidatos, mas acabaram pouco explorados episódios como o caso hacker e o aumento no valor dos uniformes.

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