OPINIÃO

Qual é o seu padrão de vida?

Por Reinaldo Cafeo | 18/04/2024 | Tempo de leitura: 3 min

O autor é diretor regional da Ordem dos Economistas do Brasil

Para muitas famílias brasileiras, notadamente as que pertencem à classe média, é muito difícil responder a pergunta: qual é o seu padrão de vida? Lembrando que neste contexto estamos falando de qualidade e quantidade de serviços disponíveis para cada um individualmente ou para seu núcleo familiar.

Por que é difícil definir o padrão de vida? Porque isso está muito ligado as nossas escolhas. Somos hoje o que definimos para nossa vida no passado. A sociedade moderna nos induz a possuir cada vez mais bens e serviços. É como se dissemos: "consumo, logo existo". O grande problema é que nem sempre a nossa renda é capaz de pagar por tudo que desejamos e os que exageram, ou seja, operam no dia a dia acima de suas posses, portanto, com um padrão de vida elevado para seu nível de renda, se desequilibram financeiramente e o endividamento financeiro é inevitável.

Passado o primeiro trimestre deste ano, é preciso rever como lidamos com nosso dinheiro. Em vez de levar o orçamento do lar "embolado", com gestão de avestruz (cabeça encostada no chão ou no buraco e corpo para fora) é preciso estabelecer uma nova atitude para lidar com o dinheiro. Faz-se necessário reconhecer imediatamente sua real capacidade financeira. Os gastos devem ser compatíveis com a renda, levando em conta inclusive a canalização de pelo menos quinze por cento da renda líquida para suas prioridades financeiras.

Há famílias exagerando nos gastos sem ter poder aquisitivo para isso. Normalmente possuem linhas telefônicas celulares individuais, duas carros, moram em uma casa de aluguel com padrão mais elevado, saem frequentemente para comer fora de casa, exageram nos gastos dos produtos e serviços chamados de supérfluos, enfim, estabelecem um estilo de vida que está acima de suas posses.

Vivem em uma verdadeira ilusão cujo resultado final será dor de cabeça e perda de patrimônio, se é que já na perderam.

É preciso fazer a lição de casa. Separe nas dimensões: gastos essenciais, prioridades financeiras e estilo de vida. Um parâmetro para saber se seu dinheiro está bem distribuído é confrontar estes grupos de gastos com sua renda líquida (renda bruta deduzida dos impostos). O indicativo é que destinem 50% da renda líquida para os gastos essenciais, 15% para prioridades financeiras e 35% para gastos com estilo de vida. Caso seus gastos estejam superiores a sua renda, reduza os valores destinados ao seu estilo de vida. Quando analisamos o destino de nossa renda fica mais fácil diagnosticar se o padrão de vida familiar atual está adequado ou não e se há necessidade de correções.

Cada um de nós sabe aonde o "calo aperta" e toda a família deve ser cúmplice na busca do equilíbrio do orçamento do lar. Viver iludido, imaginando que um dia as coisas se ajeitarão é não querer encarar a realidade.

Mesmo com todo ambiente econômico nos puxando para consumirmos mais e mais, é preciso estabelecer nossos limites e estes passam pelo posicionamento racional da definição de qual padrão de vida efetivamente é possível estabelecer. Insistimos: é preciso envolver toda a família e todos devem estar na mesma sintonia, caso contrário às coisas não funcionarão bem.

Se hoje somos resultado das escolhas feitas no passado, nosso futuro dependerá de nossas escolhas atuais. Vale a reflexão.

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